28/02/2011

Associação Amizade Cabo Verde - Luxemburgo aposta na formação para adultos

Oficialmente formada em 1987 a Associação Amizade Cabo Verde - Luxemburgo, também conhecida como Amizade Cabo-verdiana, tem sido uma das referências associativas cabo-verdianas no Luxemburgo, tendo-se destacado desde cedo nas áreas da cultura, cooperação com Cabo Verde e no desporto. Contudo, nos últimos anos a educação tem sido a prioridade desta colectividade.

"Antes mesmo de 87 já tínhamos actividades, mas só a partir daí é que passamos a ter este nome e passamos a ser uma associação oficial. No início, os nossos projectos eram mais de solidariedade para projectos em Cabo Verde e construímos uma escola e a casa da Organização da Mulher Cabo-verdiana na ilha de S. Antão. Enviámos também material escolar para Cabo Verde, entre outras coisas", refere o presidente da associação, Firmino Neves.

Quando às actividades que se faziam para a comunidade cabo-verdiana residente no Grão-Ducado "aqui tínhamos uma equipa de futebol e fazíamos muitas festas para a comunidade, nos centros culturais da Comuna do Luxemburgo", acrescenta.

De 2007 para cá a aposta tem sido na formação de adultos, contando com o apoio dos ministérios da Educação, Família e Integração.
"Temos vindo a trabalhar na área da formação para adultos e contamos com quatro professores, que dão aulas de francês e luxemburguês e mais de 70 alunos, de diversas nacionalidades, porque estamos abertos a todos. É por isso que temos alunos portugueses, brasileiros, guineenses, cabo-verdianos, do leste europeu e de outros países africanos", explica o dirigente associativo.

Quanto a esse papel mediador para a integração dos emigrantes no Luxemburgo, Neves reconhece que "os imigrantes vêm aqui porque precisam de aprender a língua para poder trabalhar e nós damos esse apoio na integração. A língua é muito importante nesse processo e os ministérios da Família e da Educação, bem como a OLAI estão satisfeitos com nosso trabalho."

Outro projecto que a Amizade Cabo-verdiana tem para este ano é a reparação da escola construída pela associação em Cabo Verde, envolvendo pintura, substituição de janelas e outras obras de restauro.

No campo humanitário e da solidariedade, a associação Amizade Cabo Verde - Luxemburgo tem colaborado com outras duas associações no projecto "Valdino Rodrigues".
Valdino Rodrigues é uma criança cabo-verdiana com falta de assistência médica e que vai agora se submeter a uma intervenção cirúrgica de algum risco em Metz. Para custear a viagem Cabo Verde-Luxemburgo, bem como a estadia, vai se realizar uma festa em breve, na continuidade de outras que já se têm feito, desta vez no Centro Cultural de Cessange. Espera-se que este espaço seja útil para a festa de angariação de fundos e torno deste projecto. O "projecto Valdino" está a ser levado a cabo pela Cultura Cabo-verdiana no Luxemburgo e pela associação francesa Cap Vert Cooperation, sendo que a Associação Amizade Cabo Verde – Luxemburgo se associou a esta causa para encontrar uma sala.

Dos largos anos que já leva no Luxemburgo, o olhar associativo de Firmino Neves é crítico e aponta a falta de união entre a comunidade, como resultado também da falta de união entre as associações cabo-verdianas.
"Cada um quer fazer as coisas por si e ninguém trabalha para a comunidade. Eu trabalho como voluntário para a minha associação, mas algumas pessoas que foram chegando nos últimos anos [às associações] não estão preparadas para a vida associativa, mas sim para fazer negócios e as associações não são para fazer negócios."

As críticas ainda se estendem ao programa Morabeza, da Rádio Latina, que é dirigida ao público cabo-verdiano.
"Do que tenho ouvido, está muito mal porque aquele programa é para a comunidade cabo-verdiana e não para fazer campanha. Tem sido partidário e a comunidade cabo-verdiana tem sido mal servida. Não podemos continuar com esta brincadeira", desabafa Firmino Neves.

A finalizar, Neves aproveitou para deixar um apelo: "estamos à espera que os jovens que têm gosto pela vida associativa e com conhecimentos de informática possam aparecer na nossa associação, porque estamos a precisar de pessoal."

Para qualquer informação sobre inscrições nos cursos de língua ou outros dados da associação: 26 19 62 16, 691 651 399 ou email gacv87@yahoo.fr
HB

Ney Évora lança colectânea musical "Memória dos Veteranos das Ilhas"


Diz-se que a dimensão geográfica de Cabo Verde não corresponde à sua grandeza cultural, sendo a música a bandeira mais visível (e audível) desses "dez grãozinhos de terra." Cabo Verde acaba por possuir mais músicos por metro quadrado que muitos países de maior dimensão.

"Memória dos Veteranos das Ilhas" é o 4º trabalho de um desses artistas - o violinista cabo-verdiano residente no Grão-Ducado, Ney Évora.
"Memória dos Veteranos das Ilhas" não é mais do que uma selecção das grandes músicas cabo-verdianas, celebrizadas também por grandes vozes como Bana, Cesária Évora, Djuzinha, Manuel d'Novas ou Ildo Lobo, e que vai ser apresentada a 16 de Abril, no Restaurante Odion.

Nascido na Ribeira da Torre (ilha de Santo Antão), desde cedo que a música começou a fazer parte da vida de Ney Évora, tendo-se destacado no violino, para além de dominar outros instrumentos de corda como a viola e o cavaquinho.
"Quando criança, lembro-me de haver muitos instrumentos em casa. O meu tio era um grande tocador e o meu pai tocava violino, apesar de ele já estar no Luxemburgo."
O "vício" da música intensificou-se ainda através do contacto entre colegas e gente mais velha que dominavam já os instrumentos.
"Naquele entusiasmo de grupo de jovens, quem aprendesse primeiro um acorde mostrava aos outros e depois era tocar a música."

Quanto às influências, Ney Évora aponta os violinistas António Travadinha, Nho Kzik (mestre santantonense que sempre o motivou), entre outros.

Em 2002 viria a lançar no Luxemburgo "Tradiçan", com a ajuda do seu amigo Valério, tendo este 1º CD alcançado um "grande sucesso" entre o público cabo-verdiano e não só. Em 2004 saiu "Símbolo da Cultura Cabo-verdiana" e há 2 anos "Harmonia Tropical".

Sobre este quarto CD, "Memória dos Veteranos das Ilhas", diz que "são músicas que toda a gente vai gostar", não só pela selecção que representa, mas também pela qualidade de bons músicos como Armindo Pires, António Violão, Manu e Armando Soares (residentes na Holanda), entre outros que o acompanham aqui no Luxemburgo.

A divulgação do seu trabalho já está assegurada pela distribuidora Harmonia, que têm espalhado o som do seu tradicional violino por África, Europa e América, mas Ney aproveita o mote para apelar a uma maior divulgação da música tradicional cabo-verdiana no Luxemburgo, através do programa Morabeza, da Rádio Latina.
"A nossa música é rica e não podemos ter vergonha a divulgar. Se formos até Holanda, Cabo Verde ou Portugal, ao ligar a rádio, dá prazer ouvir, por exemplo, uma morna de Bana."
Servindo-se da comparação com os portugueses "já gravei com as Tricanas de Differdange, toco no luso luxemburguês e os portugueses para onde vão têm o seu fado e ranchos. Porque é que não havemos de divulgar a nossa cultura também?", interroga-se.
"Posso servir de porta-voz e dizer que muita gente aqui tem reclamado, inclusive jovens, porque a música tradicional ouve-se pouco [no programa Morabeza] e, por exemplo, o "zouk" ouve-se frequentemente e nem faz parte da tradição musical cabo-verdiana", lamenta o músico.
HB

23/02/2011

David Foka – do combate à pobreza a Obama luxemburguês?

De nacionalidade alemã, mas de origem camaronesa, este conhecido militante dos direitos do homem contra as exclusões sociais - David Foka – preside actualmente a Federação das Associações Africanas no Luxemburgo, bem como a Comissão especial sobre a descriminação social no Luxemburgo.
Representante eleito da comunidade alemã no Luxemburgo e igualmente embaixador da paz da Federação da Paz Universal, este teórico da nova consciência afro europeia defende um novo impulso que coloque o cidadão afro europeu no centro das decisões políticas tanto nos países de acolhimento como nos de origem.

Como director da Maison D'Áfrique no Luxemburgo expõe nesta entrevista exclusiva à Cabolux/Contacto a sua visão, interrogações e estratégias que leva a cabo com a diáspora africana, tendo em conta a reabilitação do imigrante face aos novos desafios de um mundo inclusivo.
O projecto “Para o bem-estar social inclusivo” é para David Foka uma luta contra a pobreza e “dirige-se não só aos africanos, mas a todos que têm raiz africana, sejam brasileiros, dominicanos ou haitianos.”

Para esse combate Foka apresenta alguns pontos básicos.
“Em 1º lugar o empreendedorismo, porque se não há trabalho para todos, muito menos para os africanos.
Vamos criar uma cooperativa e todos podem quotizar e ter esse dinheiro à sua disposição para criar uma microempresa”, anuncia Foka, assegurando que “estaremos lá para os guiar e pôr a estrutura a funcionar.”
Do diálogo com o Ministério da Família sobre este assunto, o dirigente afro europeu manifesta que “não vale a pena deixar as pessoas no assistencialismo”, sendo melhor “dar o valor de um ano de RMG a alguém que quer criar a sua empresa, sendo que da nossa parte contará com o apoio de pessoas formadas e com experiência nesse processo.”
Neste sentido vai ser também proposta ao Ministério da Classe Média e Turismo que “se facilite a criação de empresas, porque verificamos muitos bloqueios, como brevets técnicos, CATP, etc.”
Sublinha Foka que “o tecido económico do país ganha quando alguém cria uma empresa e dá trabalho a outras pessoas que estão na precariedade.”
“Menos pessoas na miséria e uma menor taxa de desemprego”, conclui.

No plano internacional da cooperação, a Maison d’Áfrique pretende também “parar a hemorragia” do êxodo populacional africano rumo à Europa.
“Não queremos ver mais africanos mortos nas praias, à entrada da Europa.”
Com vista a esse difícil combate, Foka esteve numa reunião de líderes emigrantes africanos na Europa com instituições de microfinança, em Dakar, a 7 de Fevereiro, com o intuito de quebrar a hegemonia da Western Union, que nas suas palavras “cobra altas taxas e não investe em África”.
“Queremos que o ciclo seja do africano para o africano e que o dinheiro cobrado seja investido na criação de emprego para jovens.”
Neste encontro foram ainda assinados protocolos para a criação de um banco ético-social africano para apoiar estes projectos de fixação populacional e em Junho serão finalizadas em Acra (Gana).

O Obama luxemburguês?

Candidato pelo partido socialista às próximas eleições municipais, a 9 de Outubro de 2011, pela Comuna do Luxemburgo, Foka define a sua candidatura como “federativa, para todos.”
“Se uma comuna tem 65% de estrangeiros, é aberrante que sejam 35% a dirigir esses 65%. Isso não é democracia”, desabafa o candidato.
Apela aos germanófonos, francófonos, lusófonos e afro luxemburgueses por “uma inscrição massiva nas listas eleitorais, pois a política comunal é a nossa vida quotidiana e vamos lutar para que esses 65% cheguem ao poder.”

Para mais informações sobre a Maison d’Afrique: http://www.maisondafrique.lu/
HB

21/02/2011

TACV opera charter entre Beja e Cabo Verde a 14 de Abril

A companhia aérea TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde vai operar um voo charter entre Beja e a ilha do Fogo, em Cabo Verde, com escala na Praia, cuja partida decorre a 14 de Abril e o regresso no dia 21, informou a ANA – Aeroportos de Portugal.

O voo, pensado para a Páscoa, vai ser operado num avião Boeing 757-200, com capacidade para 185 passageiros, e resulta de um “desafio que a Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo lançou à ANA - Aeroportos de Portugal para esta Empresa dar o seu apoio à concretização de um voo charter ligando o Aeroporto de Beja a Cabo Verde”, explica a ANA em comunicado.
“Este repto surgiu no âmbito da geminação de Ferreira do Alentejo com São Filipe, na Ilha do Fogo, e tem objectivos institucionais e empresariais, para o estabelecimento de negócios a concretizar entre os dois territórios”, acrescenta ainda a empresa de gestão aeroportuária.
O charter conta com a participação dos principais operadores turísticos com programação para Cabo Verde, nomeadamente terraÁfrica, Solférias, Soltropico e Abreu. O início da comercialização do voo está previsto ainda para este mês, estando neste momento a ser ultimado “todo o processo visando a sua viabilização”, indica a ANA.

20/02/2011

Cabo Verde cria primeiro laboratório de pesca

A ilha cabo-verdiana de São Vicente vai albergar este ano o Laboratório de Pesca de Cabo Verde, o primeiro na África Ocidental a ser receber o certificado ISO 17.025, norma que garante o funcionamento de um sistema de qualidade. A norma ISO 17.025 também atesta sobre a competência técnica e a capacidade de gerar resultados tecnicamente válidos das instituições contempladas.
Conforme garantiu o diretor-geral das Pescas de Cabo Verde, o laboratório, para além de servir a indústria e empresas cabo-verdianas ligadas ao setor, estará também em condições de abarcar qualquer empresa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), interessada por certificar os seus produtos para a exportação.

A construção da infraestrutura física do laboratório, orçada em 55 milhões de escudos (cerca de 5,5 milhões de euros), vai ser cofinanciada pela Espanha e pelo Governo de Cabo Verde.

Este projeto está enquadrado no âmbito da estratégia traçada pelo Governo cabo-verdiano, visando transformar o arquipélago num centro internacional de prestação de serviços ligados ao mar (cluster do Mar). As informações são da Panapress.
Fonte: Portugal Digital

Défice comercial de Cabo Verde sobe 8,7% em 2010

As exportações, importações e reexportações cabo-verdianas aumentaram significativamente em 2010 comparativamente ao ano anterior, mas o défice da balança comercial subiu 8,7%, revela hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano.
Nos dados relativos ao comércio externo, o INE indica que as exportações aumentaram 33,1% e as reexportações 28,2%, com as importações a subirem 10%, salientando-se, porém, que, apesar do agravamento do défice, a taxa de cobertura melhorou 1,1 pontos percentuais (p.p) face a 2009.

Espanha continua a liderar o ranking dos principais clientes do arquipélago, com 68,3% do total de exportações (72,6% do total da zona económica europeia em que se insere), seguido de Portugal com 24,9% do total, apesar de ter descido 13,3 p.p. em 2010, relativamente a 2009.

Enquanto as exportações cabo-verdianas para Espanha tiveram uma variação positiva de cerca de 64,2% comparativamente a 2009, para Portugal representou uma queda de 13,3%.

Peixes. moluscos e crustáceos foram os produtos mais exportados por Cabo Verde, em 2010, representando 40,6% do total das exportações, mais 35,2% do que em 2009. As conservas aparecem em segundo lugar com 39%, um aumento de 74,4% comparativamente ao ano anterior.

As importações, em 2010, aumentaram 10,0% face a 2009 e, à semelhança das exportações, o continente europeu continua a ser o principal fornecedor de Cabo Verde, com 79,1% do total, contra 78,8% do ano anterior.

No que concerne aos restantes continentes, o INE salienta que a Ásia e a América representaram 9,4% e 8,6% do total das importações no ano de 2010 contra os 8,2% e 9,2% no ano transacto, traduzindo-se numa variação positiva de 26,2% e 1,9%, respectivamente.

O peso das importações provenientes do continente africano caiu de 2,7% em 2009 para 1,9% em 2010, resultando numa evolução negativa de 23,9%, referem as estatísticas.

Relativamente a países, em 2010, Portugal consolidou a sua liderança entre os fornecedores das ilhas, com 45,5% do total das importações cabo-verdianas (57,5% na zona económica em que se insere), seguido dos Países Baixos com 13,5%, segundo o INE.

A China destaca-se entre os principais países importadores de Cabo Verde com evolução positiva em 2010, cujo montante cresceu 158,6%, enquanto que Portugal, Países Baixos e França tiveram aumentos na ordem dos 18,4%, 11,6% e 27,3%, respectivamente.


Fonte: OJE/Lusa

14/02/2011

"Quem for para Cabo Verde goza da mesma protecção de saúde que aqui [Luxemburgo] - João da Luz

Após a maioria absoluta e um terceiro mandato para o primeiro-ministro cabo-verdiano José Maria Neves, o secretário da delegação no Luxemburgo do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde, João da Luz, reconheceu que apesar da vitória a nível global, tirou “algumas lições do trabalho no terreno do MpD [que venceu aqui com 243 votos contra 200 do PAICV], e que vão ser usadas para as presidenciais no mês de Outubro.”

Mais votos, mas menos deputados

Actualizados os últimos dados divulgados pela Cabolux/Contacto, a Comissão Nacional de Eleições atribui então definitivamente 38 deputados ao PAICV, 32 ao MpD e 2 à UCID.
Desta forma o PAICV perde 3 deputados para o MpD face ao último mandato, apesar de ter aumentado a percentagem de votos em 0.5% (51,4) e o MpD ter descido 1% (41.8).
Sobre este desfasamento João da Luz lamenta: “o PAICV foi penalizado pelo sistema eleitoral vigente, que estabelece novas normas de eleições de deputados.”
“Por exemplo, no Fogo, o PAICV conseguiu mais 4306 votos que o MpD e, deste número, 1902 votos não contaram para a determinação de mandatos, enquanto em sentido contrário, na ilha do Sal, o MpD conseguiu um mandato a mais por escassos 78 votos”, explica.

Olhando ainda para os números, “ao contrário do que a oposição dizia, houve uma maior participação nestas últimas legislativas e um aumento no número de votos [no PAICV], o que quer dizer que a política feita por José Maria Neves ao longo destes dez anos é uma política aprovada pelos cabo-verdianos”, conclui.

O balanço dos 10 anos

“Os primeiros 5 anos de governo foram para concertar um país que estava combalido” e o segundo mandato para “conseguir uma visão para Cabo Verde”, tendo então o país conquistado duas vezes o Millenium Challenge Account e passado de país atrasado para país de desenvolvimento médio.”
Para o secretário do PAICV-Luxemburgo estas foram as 4 plataformas de desenvolvimento levadas a cabo pelo governo de José Maria Neves e que se pretendem reforçar:
O primeiro pilar é “a boa governação, com estabilidade, sem corrupção e gestão sã, algo que foi provado nestes mandatos”.
Em segundo, assegurar a única potencialidade de Cabo Verde - os recursos humanos – apostando em parcerias estratégicas de integração regional, que passam pela CPLP, CEDAO, Europa, América e a nova região Macaronésia, que faz Cabo Verde entrar na periferia da Europa.”
Por outro lado “mais construção de escolas técnicas em Cabo Verde, maior abertura em termos de negócios no país” e por último “a construção de estradas, energias renováveis, renovação e criação de novos portos e a construção de 3 aeroportos internacionais.”

Já para estes próximos 5 anos pretende-se reforçar os pontos referidos e “apostar na aceleração da formação da juventude cabo-verdiana nas novas tecnologias, alargamento do poder das universidades no país (foram criadas 9 universidades de 2000 para cá) e sobretudo combater a pobreza com o projecto “casa para todos”.

Incentivos aos emigrantes

Na área da emigração, “quem for do Luxemburgo para Cabo Verde, goza da mesma protecção de saúde que aqui tem”, o mesmo acontecendo de lá para cá e dentro do acordo de segurança social que se conseguiu, sendo que “o PAICV assinou 15 deles, com 15 países diferentes, enquanto o MpD apenas 4.”
Sobre as taxas alfandegárias, relembra que “a isenção total alfandegária é aplicada quando um indivíduo volta definitivamente para Cabo Verde” e se antes era preciso provar que um artigo pertencia a alguém pelo menos há 6 meses, “hoje em dia não é preciso provar nada.”
Quanto aos investimentos em Cabo Verde apela “a toda emigração para não se deixar ser enganada por indivíduos que estão à espera de apanhar um inocente.”
“O Instituto das Comunidades faz-lhe um plano financeiro de graça em vez de procurar intermediários”, complementa.
Para além destes incentivos o emigrante “têm à disposição a Casa do Cidadão, a embaixada e o portal do cidadão.”
A criação do Banco de Cabo Verde de Investimentos visa também apoiar o emigrante “desde a criação da empresa à construção da casa em Cabo Verde.”
A finalizar, relembra que “a Embaixada está preparada para prestar estas e outras informações a qualquer cidadão.”
HB

07/02/2011

PAICV ganha com maioria absoluta

A Comissão Nacional de Eleições decidou não divlugar os resultados das Legislativas para já, faltando ainda apurar os votos na diáspora.

Até ao momento, o PAICV assegura 26 deputados contra 23 do MpD, tendo a UCID elegido 2.
Faltam ainda apurar 21 lugares, 6 dos quais na diáspora, mas tudo aponta para que a maioria absoluta não fuja ao PAICV, dando assim um terceiro mandato a José Maria Neves.

MpD com vantagem no Luxemburgo

Por cá, o MpD venceu com 243 votos, tendo o PAICV registado outros 200.
A taxa de abstenção situou-se nos 47%, tendo em conta que o número total de inscritos rondava os 850 eleitores.

A CABOLUX/Contacto passou pela embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo (um dos três locais de voto disponíveis) para acompanhar parte deste processo e ouviu Necas Martins, presidente da mesa de voto LU2, sobre a participação dos cabo-verdianos.
“Na parte da manhã esteve um pouco morno, mas esta tarde a afluência foi mais significativa. É a primeira vez que estou a trabalhar numa mesa e não se notam incidentes. Está tudo a correr dentro da normalidade.”

A importância do voto nestas eleições

Ainda na embaixada e após o exercício de voto, ouvimos alguns cabo-verdianos sobre a importância deste dia.
“O voto é importante porque faz parte da cidadania e é um instrumento para o desenvolvimento do nosso país. Com o nosso voto o país pode progredir”, refere Luísa Fernandes.
Já António Lima lamenta a falta de participação dos concidadãos: “O voto é importante e as pessoas deviam exercer esse direito porque tem muita importância na política de Cabo Verde neste momento.”
Fazendo uma avaliação global sobre o nível dos políticos cabo-verdianos e sem entrar no campo partidário, Luísa Fernandes diz que “ao longo destes anos os políticos têm estado ao nível do país e o têm desenvolvido. Estou satisfeita.” António Lima prefere “uma mudança de políticos”.

Mais tarde e na zona da Gare ouvimos alguns não votantes.
Mendes Tavares tem o seu cartão em Paris e não foi votar, mas para ele “ou Veiga ou Neves, quem ganhar é a mesma coisa, mas têm que saber o que fazem e não podem maltratar o povo.” Se as coisas em Cabo Verde estivessem mais bem organizadas, mais pessoas votariam”, acrescenta.
Para muitos cabo-verdianos o “não votar” não é apenas falta de interesse. Alguns não têm documentação cabo-verdiana válida e apresentam outras nacionalidades, como a portuguesa, e vêm nisso um impedimento para votar. Esta é a posição de João Mendes, cabo-verdiano de nacionalidade portuguesa que (relembrando o resultado das eleições mais renhidas da história moderna - as últimas presidenciais de Cabo Verde, com apenas 12 votos de diferença) é peremptório: “Por um voto se ganha e por um voto se perde e se eu estivesse recenseado eu faria parte da eleição do meu país.”

Sobre a comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo e os políticos em Cabo Verde, Tavares salienta que “trabalhamos aqui muito para investir em Cabo Verde e quanto mais os políticos facilitarem, mais podemos fazer pelo nosso país.”
Quanto à expectativa para o próximo mandato João Neves diz que “o país não está muito mal, mas espero mais desenvolvimento para servir quem está lá, mas também para os que estão fora e espero mais apoio para o investimento que a nossa comunidade emigrante quer fazer, apoio nas despesas alfandegárias e redução dos bilhetes de viagem.”

Casos insólitos

Se a normalidade era a palavra de ordem até então, demos conta ainda na Embaixada de Cabo Verde que alguns dos votantes estavam a chegar de Ettelbruck para poder exercer o seu voto.
Segundo os representantes do PAICV e MpD, foram mais de uma centena de cabo-verdianos que se viram confrontados com este cenário, tendo sido obrigados a deslocações ora para o centro, ora para o norte ou para o sul.
Trabalho redobrado para o MpD e PAICV que tiveram de assegurar, com as suas viaturas, a deslocação de muitos votantes, mas mesmo assim insuficiente para motivar outros que acabaram por não ir votar.
Confrontado com este cenário insólito e inesperado e respondendo a quem competia informar sobre esta possibilidade de deslocações dos votantes, Necas Martins afirma que “os partidos políticos fizeram o trabalho deles e informaram as pessoas que estavam nessas situações. A comissão de recenseamento também fez o seu trabalho, mas temos de compreender que as pessoas depois de um dia de trabalho não têm motivação e disponibilidade para correr de um lugar para outro.”

De referir ainda que, segundo o secretário do PAICV-Luxemburgo, João da Luz, alguns cidadãos recenseados chegaram às urnas para votar e foram impedidos de o fazer por não encontrarem os seus nomes na lista, “o que é considerado um crime”, refere, acrescentando ainda outra suposta irregularidade: “Algumas pessoas que estavam para as mesas de voto no norte foram parar às mesas de voto noutros sítios.”

Mais uma nota negativa deu-se no final da nossa reportagem na Embaixada de Cabo Verde, quando um dos elementos da mesa de voto LU1 se dirigiu ao nosso fotógrafo Manuel Dias, pondo em causa o trabalho fotojornalístico aí realizado.

HB

06/02/2011

Resultado dos votos no Luxemburgo dão vantagem ao MpD

Finalizada a contagem dos votos no Luxemburgo referentes às legislativas cabo-verdianas, o MpD soma vantagem com 243 votos, sendo que o PAICV obteve 200 votos, registando-se apenas um voto nulo nas quatro mesas de voto espalhadas pelo país.
Estes números revelaram uma abstenção na ordem dos 50%, dado que dos 847 inscritos para votar, só 444 o fizeram.
Houve, no entanto, alguns casos menos positivos que também marcaram este dia e que daremos conta mais à frente.
Relembre-se que daqui a sensivelmente uma hora será conhecido o resultado dos votos a nível nacional.

03/02/2011

Cabo Verde vai a votos este domingo

É já neste domingo, dia 6, que os cabo-verdianos são chamados às urnas para escolherem o primeiro-ministro para os próximos 5 anos e os 72 lugares da Assembleia Nacional, numa eleição disputada taco a taco e sem vencedor antecipado.

São 309 617 os cabo-verdianos recenseados para estas eleições legislativas e também para as presidenciais de Agosto deste mesmo ano, ou seja, 62,9% da população (491 575), sendo que os restantes 37 645 cabo-verdianos estão recenseados na diáspora, principalmente em Portugal e não mais de um milhar no Luxemburgo.
Na corrida às eleições estão o actual primeiro-ministro José Maria Neves, do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), Carlos Veiga, antigo primeiro-ministro e líder do Movimento para a Democracia (MpD), António Monteiro, da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Silvestre Além, do Partido Social Democrata (PSD) e João do Rosário - Partido do Trabalho e da solidariedade (PTS).
Dos 5 partidos, apenas os 2 principais, PAICV e MpD se apresentam a todos os círculos, 10 em Cabo Verde e 3 da diáspora - África, América e Europa.

A bipolarização em Cabo Verde

À boa maneira das democracias ocidentais, o destaque destas eleições vai para a luta entre os dois homens que governaram Cabo Verde nos últimos 20 anos – Carlos Veiga, de 1991 a 2001 e José Maria Neves, de 2001 a 2011, ou seja, centro-direita (MpD) e centro-esquerda (PAICV).

Se é certo que desde o início da campanha até ao fecho das mesas de voto a lei cabo-verdiana não permite divulgação e comentário dos resultados de sondagens ou inquéritos de opinião dos eleitores sobre os concorrentes às eleições, nem mesmo assim alguém arrisca em prognosticar um potencial vencedor no dia 6, tal é a incógnita.
Se também é certo que os dois partidos já se assumem como vencedores, não é menos certo que nenhum dos dois pode assumir uma maioria absoluta.
Se este cenário se vier a verificar, pode-se abrir uma porta para coligação com a terceira força política – UCID.
Sobre este possível cenário, um alto dirigente da UCID, partido claramente contra a bipolarização, já tinha assumido que para uma coligação “o nosso partido vai escolher o programa de governação que melhor responde às necessidades dos cabo-verdianos e Cabo Verde”.

Da pré à campanha

Pela primeira vez em Cabo Verde, os candidatos ao cargo de primeiro-ministro apresentaram em pré campanha as suas propostas de governação do país em debates transmitidos pela Rádio e Televisão de Cabo Verde (RTC).
Se nesses debates o destaque foi para temas como economia, emprego, turismo e emigração, já na fase da campanha passou-se do racional para o sentimental. Arruadas e comícios por todo o país fazendo as pessoas sair à rua, no típico ambiente romano de “pão e circo”.
É caso para dizer que se a multiplicação dos pães e peixes em tempos serviu para alimentar uma multidão, nesta recta final de campanha eleitoral, a multiplicação dessas arruadas e comícios, regadas com acusações mútuas de compra de votos e não só, serve agora para alimentar os dirigentes políticos. Ora se dá pão e peixe (e circo) à multidão, ora é essa multidão o pão e peixe dos candidatos.

Mesas de voto em Ettelbruck, Luxemburgo e Esch

No Luxemburgo apenas o MpD e o PAICV têm delegações permanentes e nesta terça foi possível reuni-los num debate caloroso para esclarecer a comunidade, pelo menos os que não têm outras fontes de informação actualizada. Nelson Brito, candidato a deputado pelo círculo eleitoral da Europa pelo MpD e João da Luz, secretário da delegação do PAICV, passaram pelo programa Morabeza da Rádio Latina para o balanço dos últimos anos de governação, apresentação do conteúdo programático dos seus partidos, análise dos anseios da comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo, entre outros temas.

Este debate foi seguido por muitos ouvintes e teve alguns picos de crispação entre os dois intervenientes, vulgo Netcha e Djony, aquando dos “apagões”, números do INE sobre o desemprego, cooperação tripartida entre Luxemburgo, Cabo Verde e São Tomé e Principe, entre outros temas.
Ambos tentaram mostrar, com mais ou menos sucesso, os seus argumentos para convencer os eleitores.
Já para o dia 8 de Feveveiro, esperam-se novamente as duas representações no programa Morabeza para a análise e comentário do resultado das eleições.

De referir que além do Morabeza, o blog Cabolux e o jornal Contacto têm colaborado para a divulgação das informações pertinentes sobre as eleições legislativas em Cabo Verde. Relembre-se que serão instaladas 2 mesas de voto na Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo para residentes na cidade de Luxemburgo e arredores; 1 mesa na Comuna de Ettelbruck e outra na Comuna de Esch.

O horário de voto é entre as 8:00 e as 18:00h, devendo os eleitores fazerem-se acompanhar do boletim de inscrição eleitoral bem como de um documento de identidade - passaporte ou bilhete de identidade.

HB