24/11/2011

Cabo Verde acolhe Colóquio Internacional sobre a Língua Portuguesa nas Diásporas

A utilização da Língua Portuguesa nas diferentes comunidades emigradas dos oito Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é o tema central de um colóquio internacional que decorrerá de segunda a quarta-feira em Cabo Verde.

A iniciativa é promovida pelo Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), com sede na Cidade da Praia, e reúne cerca de duas dezenas académicos e investigadores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, bem como representantes das diferentes diásporas.

Em declarações à Agência Lusa, o diretor executivo do IILP, Gilvan Muller de Oliveira, adiantou que o Colóquio Internacional sobre a Língua Portuguesa nas Diásporas é o segundo dos quatro que o instituto organiza como evento preparatório para a 1.ª Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, a realizar em Lisboa em outubro de 2012.

O primeiro, lembrou, decorreu em setembro último em Maputo e versou sobre a Diversidade Linguística na CPLP, que tratou das mais de 300 línguas faladas nos oito países que têm em comum o Português.

Em 2012, acrescentou, estão previstos mais dois, um em Fortaleza (Brasil), subordinado ao tema "O Português na Internet e no Mundo Digital", e outro em Luanda, sobre "O Português nas Organizações Internacionais".

Cada um destes colóquios prepara um documento de recomendações ao IILP e à Conferência de Lisboa e conta com convidados especialistas no tema e membros das Comissões Nacionais do IILP que dão as suas sugestões para a elaboração do documento.

Segundo Gilvan Muller de Oliveira, a escolha de Cabo Verde para a realização do colóquio deve-se à importância que as migrações internacionais e a diáspora têm historicamente para o país, que tem comunidades espalhadas em praticamente todo o mundo, com particular destaque para Portugal, Estados Unidos, Holanda, França, Espanha e Luxemburgo.

O colóquio é dividido em cinco painéis - "Ações Oficiais para o Português nas Diásporas", "A Oferta do Ensino do Português: Práticas Atuais e Perspetivas Envolvendo as Diásporas", "Experiências Nacionais em Língua Portuguesa nas Diásporas", "Práticas Atuais do Português na Ásia" e "O Português como Língua de Herança - Experiências de Diferentes Países".

Além do IILP, que contará com Gilvan Muller de Oliveira e com a presidente do Conselho Científico, Maria Helena Lobo, estarão presentes os ministros cabo-verdianos da Educação, Fernanda Marques, e da Cultura, Mário Lúcio Sousa, bem como a Organização Internacional das Migrações (OIM).

O colóquio contará também com representantes das diferentes diásporas dos "oito" no Congo, África do Sul, Argentina, São Tomé e Príncipe, Gabão, Macau, China, Timor-Leste, Guiné-Bissau e Estados Unidos (Califórnia).
Fonte: Lusa

23/11/2011

APADOC: Educação e cultura cabo-verdianas em debate

A Associação dos Pais de Alunos de Origem Cabo-verdiana (Apadoc) organiza no dia 27 de Novembro uma mesa-redonda sobre a Educação e a Cultura cabo-verdianas. O encontro vai ter lugar no Centre Societaire (29, rue de Strasbourg), na capital, às 14h30.

O orador convidado é o professor cabo-verdiano Lúcio Cabral, doutorando em Lisboa na área da educação, que vai discorrer sobre a cultura cabo-verdiana e o sistema do ensino em Cabo Verde.

A mesa vai ser composta também por quadros cabo-verdianos residentes no Luxemburgo. A psicóloga Aleida Lopes e a assistente social Débora Barros vão abordar a questão da integração dos cabo-verdianos no Luxemburgo.  O exemplo da integração escolar dos cabo-verdianos em Portugal vai ser apresentado pela linguista Aleida Vieira e pela professora Cármen Alves.
Sobre o exemplo do Luxemburgo, o painel conta com os testemunhos da educadora Viviane Lima e da assistente social Teresa dos Santos.

Do programa constam ainda a apresentação de uma peça teatral e declamações de poemas, para terminar depois com um debate.

A Apadoc tem como missão defender os interesses morais e as necessidades educacionais de todos os alunos (incluindo aqueles cujos pais ou representantes não sejam membros da associação), professores e educadores cabo-verdianos, sem interferir no seu trabalho de orientação pedagógica escolar.
Prestar apoio familiar antes e depois da escola, bem como colaborar com todas as associações que buscam objectivos semelhantes são também objectivos da Apadoc.

Para mais informações: 661 650 704 ou 661 291 056.
HB

22/11/2011

Cabo Verde distingue Adriano Moreira


A Universidade do Mindelo vai distinguir Adriano Moreira com o grau de Doutor Honoris Causa dia 10 de Dezembro no Centro Cultural do Mindelo, Cabo Verde.

O professor universitário português revela que se sente honrado com a escolha da instituição. «Sempre mantive o maior interesse por Cabo Verde, visitei todas as ilhas, guardo amigos que muito estimo, participei em iniciativas conhecidas a favor dos interesses do país. Sinto-me honrado por cabo-verdianos académicos me quererem no seu grémio de investigação e ensino”, afirma.

Adriano Moreira tem uma ligação «especial» à Universidade do Mindelo. Trata-se de algo que «resulta do conhecimento que aprofundei dos seus responsáveis e de alguns pareceres de experiência que trocamos», explica. Para além de ainda ensinar e fazer investigação na Universidade Católica de Lisboa e no Instituto de Estudos Superiores Militares, actualmente o octogenário preside o Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa e o Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa. A 7.ª Edição da «Teoria das Relações Internacionais», uma das suas várias obras, foi publicada há cerca de quinze dias.

Para Albertino Graça a atribuição do 1º título Honoris Causa Cabo-verdiano «representa, desde logo, o sinal da maturidade da Academia em Cabo Verde». O reitor da Universidade do Mindelo explica que depois de uma fase de arranque, em que se poderia falar de infância do ensino universitário cabo-verdiano, iniciou-se agora uma fase de crescimento e de maturidade. «Estamos como que a deixar a adolescência do ensino universitário para entrar na sua idade adulta, que certamente se prolongará por muito tempo», afirma.

Em concreto para a Universidade do Mindelo, o responsável diz que a atribuição do 1º título Honoris Causa significa a capacidade de «reconhecer a grandeza dos outros, daqueles que se destacaram por incontestável mérito próprio». Mas também traduz o «reconhecimento da Universidade por parte daqueles que aceitaram participar nesta distinção». Trata-se de um «momento alto no processo de afirmação e de prestígio internacional da Universidade do Mindelo, designadamente no espaço lusófono», sublinha.

Adriano Moreira foi escolhido para receber a distinção «pelo seu próprio mérito ao cume do prestígio científico, em diversos países, particularmente nos países de língua portuguesa», refere Albertino Graça. Para o reitor, este investigador é um dos «sábios de Portugal, unanimemente reconhecido por pessoas de todas as cores políticas». Mais: «É um autor consagrado, intensivamente estudado pelos alunos de dois cursos diferentes na própria Universidade do Mindelo e em muitas outras universidades».
E também «um humanista e um democrata».

O responsável sublinha que foi por iniciativa de Adriano Moreira que foi abolido o Estatuto do Indigenato. «Como explico numa obra a publicar brevemente, foi por sua iniciativa que nos anos 60 foram criadas as duas primeiras universidades na África lusófona», diz.

Adriano Moreira é um «amigo sempre próximo» de Cabo Verde, a «personalidade europeia mais influente que desde há muito tem defendido consistentemente o alargamento da União Europeia ao nosso país», afirma Albertino Graça.

Para além de todas estas razões, o reitor da Universidade do Mindelo tem ainda uma outra: «Na sua infância, ainda enquanto IESIG, a hoje Universidade do Mindelo foi visitada pelo Senhor Professor Doutor Adriano Moreira, em cerimónia pública onde o agora homenageado, sem nada pedir em troca, aceitou associar o enorme prestígio da sua autoridade académica e científica a uma iniciativa académica. Ao fazê-lo emprestou um pouco do seu prestígio a uma instituição de ensino superior ainda a dar os primeiros passos, revelando assim confiar na respectiva afirmação como universidade e como centro de ensino, investigação e cultura superior».

Sobre o homenageado

Adriano Moreira nasceu em 1922 em Portugal. Jurista, político e professor universitário, desde cedo assumiu cargos públicos, tendo sido figura destacada do Estado Novo no âmbito da política colonial. Foi ministro do Ultramar, fundou e dirigiu institutos de estudos africanos, presidiu à Sociedade de Geografia de Lisboa, entre outros cargos. Depois do 25 de Abril de 1974, tornou-se uma das personalidades de referência do Centro Democrático Social. Escreveu várias obras, entre as quais «O Novíssimo Príncipe», «Comunidades dos Países de Língua Portuguesa» e «Saneamento Nacional». Em 1995 retirou-se da vida política e desde essa altura continua a dedicar-se ao ensino, à investigação e a escrever sobre a conjuntura portuguesa, política, Relações Internacionais e Direito.        

Fonte: Notícias Lusófonas

18/11/2011

"Há que criar condições para a aplicação" dos vistos de múltiplas entradas - Hélder Vaz

O director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Helder Vaz, reconheceu esta quinta-feira que “há que criar condições para a aplicação prática” do sistema de vistos de múltiplas entradas no espaço lusófono, realçando que o processo “está em construção”.

Em declarações à agência Lusa, à margem do encontro itinerante Conexão Lusófona, que hoje se realizou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Hélder Vaz disse que o secretariado executivo da CPLP colocou a questão dos vistos de múltiplas entradas na reunião de ministros da Administração Interna que se realizou há duas semanas em Luanda, capital angolana.

O sistema de vistos de múltiplas entradas – que Hélder Vaz explicou a um auditório cheio de jovens na Faculdade de Letras – faz parte dos acordos de Brasília relativos à circulação intra-CPLP e pressupõe facilidades para sete categorias de profissionais – por exemplo empresários e professores universitários.

“Os ministros apreciaram, acolheram bem, deram instruções. Há medidas a serem implementadas. Agora os directores dos SEF [serviços de estrangeiros e fronteiras] vão apreciar. É normal, é o Estado. O Estado não pode ser a decisão de uma pessoa, são órgãos, são instituições, são procedimentos. Estamos a construir”, frisou, recordando que a CPLP é “uma comunidade que se faz pedra sobre pedra”.

“Não há nenhum problema com os vistos”, garantiu o director geral da CPLP, sublinhando que “o núcleo da solução já lá está, agora é ver como o implementar”. E comparou: “É como as eleições. Não se pode tirar um Presidente da República ao fim de três meses, tem que se esperar os cinco anos do seu mandato.”

No dia 04 de Novembro, a facilitação da mobilidade de cidadãos lusófonos foi o principal destaque apontado pelo ministro da Administração Interna português, Miguel Macedo, no final dos trabalhos do II Fórum Ministerial em Luanda.

Duas ordens de razões estão subjacentes às medidas aprovadas. “Primeiro, que os documentos de viagem sejam documentos fiáveis, e estamos a trabalhar em conjunto para que isso seja possível em todos os países da CPLP, e, em segundo lugar, viabilizar nas nossas fronteiras condições para que o fluxo das pessoas nas viagens que fazem possa ser mais rápido e expedito", referiu, na altura, o ministro português.

15/11/2011

Orçamento de Estado de Cabo Verde vai ter este ano um apoio externo de 21 milhões de euros

A ajuda ao Orçamento de Estado de Cabo Verde será este ano de 21 milhões de euros, refere o Grupo de Ajuda Orçamental (GAO).

O grupo, presidido pelo embaixador da União Europeia em Cabo Verde, Josep Coll, avaliou o desempenho do governo de uma forma positiva mas deixou também recomendações, nomeadamente sobre a Electra – Empresa de Electricidade e Água e a operadora de bandeira Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV).

“Ficou mais ou menos claro que Cabo Verde tem vindo a saber gerir a crise internacional, desde 2009. No entanto, em 2011, há um sinal que merece preocupação, não só do governo de Cabo Verde como também dos nossos parceiros internacionais, que é o comportamento das receitas internacionais”, adiantou Cristina Duarte no final da reunião.

Sobre a “deterioração dos indicadores”, a missão, que integra representantes de Portugal, Áustria, Espanha, Luxemburgo, União Europeia (UE), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Banco Mundial (BM), admitiu que se deve ao “agravamento da crise económica e financeira global”.

Nesse sentido, a ministra das Finanças de Cabo verde, Cristina Duarte, admitiu que o GAO “pediu frontalmente, ao governo, cautela e um olhar adicional na questão da estabilidade macro-económica tendo em conta os níveis elevados de incerteza, em termos de contexto internacional, nomeadamente na zona Euro”.

Por seu turno, o embaixador Josep Coll disse ter ficado “claro” que o governo cabo-verdiano está atento à evolução, sendo disso prova as medidas de contingência tomadas, como a introdução do Plano de Redução das Despesas Públicas que, de acordo com Cristina Duarte, permitiu poupar 1,5 milhões de contos aos cofres do Estado.

A preocupação maior, salientou o embaixador, tem a ver com o peso “excessivo” de duas empresas públicas deficitárias nas contas do Estado, casos da Electra e os Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV).

01/11/2011

Cabo-verdianos em Portugal procuram outros países da Europa para fugirem à crise

A ministra das Comunidades de Cabo Verde, Fernanda Fernandes, disse ontem que a crise está a levar imigrantes cabo-verdianos em Portugal a pedirem ajuda para regressarem ou voltarem a emigrar dentro da Europa, havendo já quem manifeste dificuldades em sobreviver.

Sem adiantar números, Fernanda Fernandes explicou que as embaixadas e associações parceiras do governo cabo-verdiano já estão a receber "solicitações de pessoas a quererem voltar ou a manifestar dificuldades em sobreviver. Pessoas que perderam o emprego ou idosos sem meios de sobrevivência".

A ministra, que visitava uma escola no Vale da Amoreira, Moita, onde uma turma de 20 alunos está a testar um sistema bilingue em crioulo e português, adiantou que da sua agenda em Lisboa consta ainda uma reunião com instituições de solidariedade portuguesas que trabalham, direta ou indiretamente, com a comunidade e na qual se discutirá a crise.

Fernanda Fernandes também participou no primeiro encontro nacional das associações cabo-verdianas em Portugal, organizado pela federação cabo-verdiana das associações.

Questionada pela Lusa sobre a forma como a comunidade cabo-verdiana está a reagir à crise, Fernanda Fernandes afirmou que "há pessoas com esperança, lutando". "Dizemos que sempre vivemos em crise, somos desafiadores do destino", disse.

No entanto, reconheceu que as autoridades sentem que "há gente com problemas de sobrevivência e já não é só na tradicional diáspora do sul, como em São Tomé, mas também na Europa, nomeadamente em Portugal.

"Temos notado que há uma reemigração de cabo-verdianos na Europa, seja à procura de reunificação familiar, seja à procura de emprego. Sabemos que países, como o Luxemburgo, que têm recebido alguns cabo-verdianos provenientes de Portugal".

A ministra recorda que voltar a emigrar nem sempre é solução, porque "o desemprego tem tocado todos os países da Europa".

No entanto, o regresso a Cabo Verde "é encarado com delicadeza porque o emigrante não gosta de regressar sem sucesso". Segundo Fernanda Fernandes, os emigrantes cabo-verdianos "procuram sempre alternativas antes de regressar definitivamente". A decisão de pedir ajuda para regressar "não é tomada de ânimo leve".

Fonte: RTP