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23/02/2011

David Foka – do combate à pobreza a Obama luxemburguês?

De nacionalidade alemã, mas de origem camaronesa, este conhecido militante dos direitos do homem contra as exclusões sociais - David Foka – preside actualmente a Federação das Associações Africanas no Luxemburgo, bem como a Comissão especial sobre a descriminação social no Luxemburgo.
Representante eleito da comunidade alemã no Luxemburgo e igualmente embaixador da paz da Federação da Paz Universal, este teórico da nova consciência afro europeia defende um novo impulso que coloque o cidadão afro europeu no centro das decisões políticas tanto nos países de acolhimento como nos de origem.

Como director da Maison D'Áfrique no Luxemburgo expõe nesta entrevista exclusiva à Cabolux/Contacto a sua visão, interrogações e estratégias que leva a cabo com a diáspora africana, tendo em conta a reabilitação do imigrante face aos novos desafios de um mundo inclusivo.
O projecto “Para o bem-estar social inclusivo” é para David Foka uma luta contra a pobreza e “dirige-se não só aos africanos, mas a todos que têm raiz africana, sejam brasileiros, dominicanos ou haitianos.”

Para esse combate Foka apresenta alguns pontos básicos.
“Em 1º lugar o empreendedorismo, porque se não há trabalho para todos, muito menos para os africanos.
Vamos criar uma cooperativa e todos podem quotizar e ter esse dinheiro à sua disposição para criar uma microempresa”, anuncia Foka, assegurando que “estaremos lá para os guiar e pôr a estrutura a funcionar.”
Do diálogo com o Ministério da Família sobre este assunto, o dirigente afro europeu manifesta que “não vale a pena deixar as pessoas no assistencialismo”, sendo melhor “dar o valor de um ano de RMG a alguém que quer criar a sua empresa, sendo que da nossa parte contará com o apoio de pessoas formadas e com experiência nesse processo.”
Neste sentido vai ser também proposta ao Ministério da Classe Média e Turismo que “se facilite a criação de empresas, porque verificamos muitos bloqueios, como brevets técnicos, CATP, etc.”
Sublinha Foka que “o tecido económico do país ganha quando alguém cria uma empresa e dá trabalho a outras pessoas que estão na precariedade.”
“Menos pessoas na miséria e uma menor taxa de desemprego”, conclui.

No plano internacional da cooperação, a Maison d’Áfrique pretende também “parar a hemorragia” do êxodo populacional africano rumo à Europa.
“Não queremos ver mais africanos mortos nas praias, à entrada da Europa.”
Com vista a esse difícil combate, Foka esteve numa reunião de líderes emigrantes africanos na Europa com instituições de microfinança, em Dakar, a 7 de Fevereiro, com o intuito de quebrar a hegemonia da Western Union, que nas suas palavras “cobra altas taxas e não investe em África”.
“Queremos que o ciclo seja do africano para o africano e que o dinheiro cobrado seja investido na criação de emprego para jovens.”
Neste encontro foram ainda assinados protocolos para a criação de um banco ético-social africano para apoiar estes projectos de fixação populacional e em Junho serão finalizadas em Acra (Gana).

O Obama luxemburguês?

Candidato pelo partido socialista às próximas eleições municipais, a 9 de Outubro de 2011, pela Comuna do Luxemburgo, Foka define a sua candidatura como “federativa, para todos.”
“Se uma comuna tem 65% de estrangeiros, é aberrante que sejam 35% a dirigir esses 65%. Isso não é democracia”, desabafa o candidato.
Apela aos germanófonos, francófonos, lusófonos e afro luxemburgueses por “uma inscrição massiva nas listas eleitorais, pois a política comunal é a nossa vida quotidiana e vamos lutar para que esses 65% cheguem ao poder.”

Para mais informações sobre a Maison d’Afrique: http://www.maisondafrique.lu/
HB

24/01/2011

Casa de África inaugurada e preparada para combater a pobreza


 Dez meses depois de já estar em funcionamento foi oficialmente inaugurada na semana passada, em Luxemburgo-Ville (67, Adolphe Fischer) a Casa de África, tendo sido apadrinhada pelo ministro do trabalho e imigração, Nicolas Schmit.
David Foka, presidente da Federação das Associações Africanas no Luxemburgo (FAAL) e director da Maison d’Afrique refere o objectivo da criação deste espaço: “Juntar todos os africanos, sermos mais fortes e falar a uma só voz perante a administração luxemburguesa.” Quanto ao porquê deste momento, “não quisemos pôr a carroça à frente dos bois. Criamos uma estrutura e vimos que funciona e com isso foi agora possível esta inauguração oficial.”

David Foka
Para Foka, há que “combater a pobreza no seio da comunidade” e para tal propõe a criação de microempresas. “Há muita gente a viver de RGM e porque não dar 6 meses de RGM, como microcrédito, para se criar uma microempresa? Dessa forma pode-se dar trabalho a mais gente.”
“Se uma africana quer abrir um cabeleireiro, para que lhe pedem um CATP? Não é preciso um CATP para fazer tranças!”, aponta.
“Os africanos enviam mais do dobro de dinheiro para África, através da Western Union, que a ajuda da União Europeia” e isso porque trabalham. No Luxemburgo, esperamos que o governo nos deixe criar postos de emprego” para se poder continuar a manter as famílias em África.

O Contacto aproveitou também para ouvir o seu interlocutor e ministro do trabalho e imigração, Nicolas Schmit. “Há gente com boas ideias de empresas. Uns já têm restaurantes, cabeleireiros, etc. e esses sonhos que trazem de África, se nos forem transmitidos, podem beneficiar a todos”. Quanto ao papel da Casa de África na integração dos africanos: “É um elo para essa integração. Tem que ganhar confiança e ajudar os africanos a compreender Luxemburgo, mas também os luxemburgueses a compreender África”. Para Schmit, uma “integração de sucesso” dos africanos passa pela aposta na educação e a Casa de África pode desempenhar esse papel pois já conta com a parceria do Ministério da Educação. No entanto, “deve também apostar na resolução de questões de pessoas ilegais no país!”

Questionado se os residentes estão preparados para um “Obama luxemburguês” aquando das eleições comunais, responde: “Entre os africanos que aqui estão, e que cumprem as condições, há excelentes candidatos.”
“Não há razão para os residentes não estarem preparados, se esse candidato está integrado. A cidadania vive-se na prática e ser eleitor ou candidato é também essa prática.”

A diplomata cabo-verdiana Clara Delgado esteve também nesta inauguração oficial, referindo que, sendo Cabo Verde o único país africano com embaixada no Luxemburgo, terá em David Foka “um parceiro da embaixada”, da mesma forma que os cabo-verdianos terão agora a oportunidade de “se reencontrarem com o continente africano aqui no Luxemburgo”.

Quanto ao apoio dos africanos lusófonos Foka garante ser total, “mas há reticências de alguns cabo-verdianos que dizem não ser africanos. Estou certo que quando o comboio começar a andar eles vão se juntar à Casa de África.”

Relembre-se que as associações que não dispõem de um local para se reunirem podem usar este espaço e todas as pessoas, africanas ou não, são convidadas a visitar a Casa de África.

HB