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27/07/2011

Pedro Pires nega envolvimento no assassinato de Amílcar Cabral

O Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, pediu hoje (quarta-feira) "calma" aos candidatos à sua sucessão na eleições de 07 de Agosto e admitiu que trazer a debate o assassínio de Amílcar Cabral, ocorrido em 1973, "não é aconselhável", negando ainda qualquer envolvimento.

Pedro Pires respondia aos jornalistas no final de uma visita de despedida a uma instituição local, em que afirmou que as declarações do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves, também Primeiro-ministro, não o atingem.

"Entendo que Cabral devia estar fora disso, que não se devia trazer a sua memória para estes momentos, porque não dão a possibilidade de tratamento devido a qualquer facto histórico ou político, pelo que a tendência é sobrevoar o facto. De modo que não é aconselhável trazer para o debate essa questão", salientou Pedro Pires.

"Pessoalmente, tenho procurado estar fora do debate eleitoral, mantendo um certo distanciamento. Como entendem, não tenho interesse especial nesse debate, deixando que os actores principais da campanha façam o debate, discutam entre eles e apresentem os seus projectos. Mas serei um observador atento e interessado", frisou.

Na sexta-feira, num comício de apoio a Manuel Inocêncio Sousa, candidato apoiado pelo PAICV, Neves disse que era preciso ter cuidado com os "intriguistas", sublinhando que Cabral, fundador do então movimento de libertação (criado em 1956) foi assassinado por dirigentes do PAIGC devido a intrigas de poder e à falta de respeito pelos valores.

A alusão, para a imprensa cabo-verdiana, é óbvia, dirigindo as "graves acusações", em última instância, a Pedro Pires, apontado como apoiante da candidatura de Aristides Lima, arrastando, consigo a "velha guarda" do PAICV para fazer frente à ala de José Maria Neves.

"Não acredito (que me visem). De toda a maneira, ouvi na televisão o que foi registado e tomei boa nota disso. Não entendo que queiram atingir-me, até porque seria a última pessoa a ser atingida, porque eu, nessa altura, encontrava-me a 400 ou 500 quilómetros do sítio (Conakry, onde Cabral foi morto). Não faz sentido que se queira trazer-me para essa questão", acrescentou.

"Mas, de toda a forma, o que aconselho às pessoas é que tenham calma. Prometo, depois de deixar a Presidência da República, trazer essa questão à discussão, se julgarem que tem algum interesse e que há necessidade do seu esclarecimento. Mas, neste momento, prefiro não entrar na polémica. Não faz sentido, até porque não sou um dos actores principais da campanha", observou.

Pedro Pires escusou-se também a responder a uma questão sobre se as palavras do Primeiro-ministro foram oportunas, sobretudo por ocorrerem em vésperas das presidenciais.

"Não vou nessa direcção. Não vou julgar quem quer que seja nessa matéria. Como já disse, mantenho-me fora do debate eleitoral em relação às presidenciais. Estou de fora, não participo, nem comento, nem valorizo", concluiu.

Fonte: Angop

18/05/2011

Documentário “Cabralista” pretende reavivar o espírito de libertação

Amílcar Cabral serviu de inspiração ao autor Val Lopes.
Está para breve a apresentação do primeiro documentário de uma trilogia que revisita o espírito do histórico líder da Guiné e Cabo Verde – Amílcar Cabral. “Cabralista” é o título escolhido pelo autor cabo-luxemburguês Val Lopes.

Para o documentalista de origem santantonese “estamos num mundo euro centrista e precisamos de criar conteúdo africano no mundo das novas tecnologias. Desde os anos 90 que comecei a pesquisar sobre Amílcar Cabral e tive a sorte de reunir elementos novos que até a família desconhecia e este documentário surge porque Cabral merece ser reconhecido sobretudo nesta era em que o mundo desperta.”

Dessas pesquisas o destaque é o áudio, pois “um livro não diz a mesma coisa que Cabral falou com os Black Panters ou nas Nações Unidas, Argélia, ou ainda noutros lugares importantes por onde passou”, acrescenta Val.

Este documentário é apenas o primeiro de três, representando o presente “porque é dirigida aos jovens. O que é que os nossos jovens se lembram de Amílcar Cabral?”, pergunta. O segundo está em preparação e “é sobre o passado de Amílcar Cabral. Factos históricos e testemunhos de pessoas que viveram com ele.” A fechar a trilogia, “o terceiro é uma visão futurista sobre África, se não tivessem assassinado Cabral, Sankara, Lumumba e vários outros africanos com consciência, algo que prejudicou e ainda prejudica o continente.”

Sobre Cabral, relembra que “foi o primeiro africano a falar nas Nações Unidas defendendo a causa africana; foi recebido pelo papa, sendo Portugal um país católico por um lado e por outro Cabral, um “terrorista” pela causa africana, mas um libertador para muitos."
Contudo,"apesar das atrocidades, Cabral dizia que não foi o povo português que errou, mas o sistema institucionalizado em Lisboa que explorava não só a Guiné, Angola, outros países lusófonos como também Portugal. A libertação do sistema salazarista aconteceu também muito pelo trabalho de Cabral”, conclui.

Hoje como ontem, “o cabralismo é antes de tudo um movimento cultural libertador. Uma das primeiras medidas que ele tomou foi a criação da lei da música luso-africana, sem esquecer a Morabeza Records. Dizia Cabral que se queres ter a tua independência, tens de provar que tens uma cultura diferente”, mas hoje “a globalização é exemplo da contínua exploração, rica em propaganda como a anglofonia, lusofonia, francofonia e todas essas fonias baseadas na Europa. A economia segue a cultura, uma arma silenciosa”, lamenta.

Nesta linha e por cá, o documentalista defende que “se há algo que o Luxemburgo poderia aprender com Cabo Verde, modestamente, é como proteger a sua língua e cultura, pois num mundo globalizado corre-se o risco de sermos todos iguais.”

Questionado sobre como seria Cabo Verde se Cabral fosse vivo Val não esconde que "o rumo seria ligeiramente diferente. Neste momento Guiné precisa de Cabo Verde, mas Cabo Verde não está a assumir o papel que devia.”

O documentário vai passar na Radio Televisão de Cabo Verde a 5 de Julho, altura em que se comemora a independência e posteriormente em Boston e nalguns festivais para depois chegar a Luxemburgo.

HB