27/09/2012

Sistema de saúde luxemburguês ainda segura idosos cabo-verdianos por cá

"Gomes", como gosta de ser chamado, vive no Grund
com uma companheiraluxemburguesa e diz que quer
ficar no Luxemburgo. Passa grande parte do dia sentado
à porta de casa a ver os carros e o tempo a passar
Foto: H.Burgo
A qualidade do sistema de saúde luxemburguês é uma das principais razões pelas quais os idosos cabo-verdianos vão ficando por cá. Os que gozam de alguma mobilidade ainda aproveitam o sol em Cabo Verde. Os mais frágeis não têm alternativa e ficam por cá, mas é difícil encontrá-los nos lares de idosos. No âmbito do Dia Internacional do Idoso, que se assinala a 1 de Outubro, o CABOLUX foi ao encontro de alguns reformados cabo-verdianos.

O ritual dura há anos. Todos os dias Gomes senta-se à porta de casa para ver o movimento da rua. À tardinha está ali sentado no parapeito da janela da sua casa, num rés-do-chão, para ver os carros a passar, as pessoas e também o tempo.

Gomes, como gosta de ser tratado, é um velho cabo-verdiano, na casa dos 70 anos. Natural da ilha de Maio, é já quase mais um "monumento" da parte baixa da capital luxemburguesa, o Grund.

Quando passa o "comboio verde da Pétrusse" com turistas, Gomes recebe uma apitadela do motorista e levanta a bengala para agradecer aquela cara já familiar. Outros passam de carro e abrem o vidro para dar uma palavrinha ao cabo-verdiano de cabelos brancos e olhar cansado, ali na principal rua do Grund.

"Saí de Cabo Verde há muitos anos e fui para a Holanda como tantos outros cabo-verdianos. Depois, vim para o Luxemburgo e já levo aqui 45 anos. Quando cá cheguei o trabalho era mau. Fazia muito frio e o corpo não estava habituado", conta Gomes.

O homem da bengala reformou-se há 12 anos e de lá para cá tem-se desdobrado em viagens a Cabo Verde. A última foi no início do ano.
"Os filhos estão todos em Cabo Verde e quando posso vou lá visitar. Aqui não tenho família, mas tenho uma amiga luxemburguesa com quem vivo (sorri)".

A companheira de Gomes nunca foi a Cabo Verde e não quer ir, diz o septuagenário, que promete ficar aqui com ela.
"Apesar de ir e vir a Cabo Verde, sei que encontro a minha companheira sempre aqui e é com ela que quero ficar".

Além da companheira, é o sistema de saúde luxemburguês que o mantém por cá.
"Já fiz aqui duas operações e o serviço médico é bom. Só não quero é ir para um lar. Quero ficar em casa e a minha mulher vai tomar conta de mim. Mas se um dia for para um lar, sei que já não vou ter mais nada", lamenta o velho Gomes.

Não é fácil encontrar idosos cabo-verdiano nos lares

O Estado luxemburguês conta com 33 Centros Integrados para Pessoas Idosas (CIPA, no acrónimo em Francês), 16 "maisons de soins" (que dispensam de cuidados de saúde) e 10 alojamentos adaptados para idosos com autonomia (com um serviço mínimo de acompanhamento de oito horas por dia).

No Luxemburgo, a maioria dos cabo-verdianos vive com outra nacionalidade, sobretudo a portuguesa, e encontrar um idoso com documentação cabo-verdiana num lar é tarefa quase impossível. Oficialmente, não há registo de cabo-verdianos nesses lares.

"Na nossa lista os cabo-verdianos estão no grupo dos africanos, e em 2011 não temos registo de nenhum africano nos nossos lares", assegura Jacqueline Becker do Departamento de Estatísticas do Ministério da Família do Luxemburgo.
"Entre os lusófonos, temos apenas 82 portugueses, 53 mulheres e 29 homens, que podem ser ou não cabo-verdianos", acrescenta Bercker.






Carlos Silva tem 87 anos e não consegue andar. Há dois anos ainda estava à espera de
uma vaga para um lar de idosos. A mulher, Teresa, ainda "se aguenta nas pernas"
e está com os filhos
 Foto: M. Dias

Carlos Silva foi um dos primeiros cabo-verdianos a chegar ao Luxemburgo, em 1959.
Ainda na década de 50, antes de cá chegar, passou pelas fábricas da Mosela francesa. Hoje, aos 87 anos, é um dos poucos cabo-verdianos que estão nos lares de idosos no Luxemburgo.

O CABOLUX foi encontrá-lo precisamente num dos lares da lista do Ministério da Família – Centro de Geriatria de Hamm. Por ter sido inscrito com outra documentação que não a cabo-verdiana, não faz parte da “lista dos africanos”.

"O meu pai [Carlos Silva] não consegue andar e tem já outros problemas que aparecem com a idade. Não tem mobilidade nenhuma e, infelizmente, ninguém consegue ficar em casa a tomar conta dele porque temos de trabalhar", diz Manuel Silva, um dos quatro filhos que vive aqui no Luxemburgo.

A esposa de Carlos Silva, Teresa, também é octogenária. Ao contrário do marido, aos 82 anos ainda "está bem" e goza de alguma autonomia, o que lhe permite ficar ainda com os filhos.
"A minha mãe está bem. Ora fica comigo, ora com os outros irmãos. Mas já se sabe que com o tempo pode vir também a ficar num lar", diz o filho.

Manuel Silva tem outros cinco irmãos em Cabo Verde, mas descarta a possibilidade de um regresso definitivo dos pais à terra natal.
"Decidimos que eles ficassem cá porque o sistema de saúde é melhor. A minha mãe ainda pode lá ir de visita, mas para o meu pai é impossível. Ele não pode sequer viajar e vai ficar por cá", lamenta Manuel, que lembra que o pai estava à espera de uma colocação num lar há dois anos.
"A situação não era fácil e tivemos de optar pela alternativa mais extrema. Já há dois anos que o meu pai estava à espera de uma colocação num lar. Felizmente, tivemos o apoio social, porque sem essa ajuda era impossível pagar as despesas. Esses lares são muito caros", aponta o filho.

A mentalidade mudou e a tendência é de regresso, para os que podem

"As pessoas que vieram para cá ainda antes da independência e que fizeram família com pessoas de outra nacionalidade não regressam. Já para os que vieram depois, a mentalidade mudou. A tendência é de regresso e muitos regressam ao país porque quando lá vão de férias vêm como está Cabo Verde e preferem ficar por lá”, diz uma das mais influentes representantes da comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo e presidente da Associação dos Pais dos Alunos de Origem Cabo-verdiana (APADOC), Joana Ferreira.

“Os médicos até dizem para regressarem à terra, por causa da temperatura. A temperatura lá é melhor para eles e quando vêm cá, vê-se que vêm melhor", acrescenta Joana Ferreira.

Quanto a casos como o do octogenário Carlos Silva a dirigente associativa diz que são em “número reduzido”.
“Quando temos casos de pessoas com fragilidade de saúde, elas não podem ir para Cabo Verde. Preferem ficar por cá por causa dos cuidados médicos e da medicina mais avançada, mas são um número reduzido", assegura Joana Ferreira, que explica o pouco número de cabo-verdianos nos lares.

"Não há muitos cabo-verdianos nos lares de idosos. Nós temos uma ligação muito próxima com a família e não há filho cabo-verdiano que queira ver os pais num lar. Nesse aspecto fomos educados de outra maneira e temos uma mentalidade diferente da europeia."
 
Um lugar ao sol no Luxemburgo e em Cabo Verde
 
Jaime Barbosa goza a sua reforma com um pé no Luxemburgo e
outro em Cabo Verde, sempre à procura do sol. Não tem família no
Luxemburgo, mas passa o tempo com os amigos. Diz que é livre   
Foto: H.Burgo
Jaime Barbosa nasceu na Ribeira Brava, ilha de S. Nicolau, mas cresceu em S. Vicente. Chegou à Mosele francesa a 4 de Abril de 1964 para trabalhar nas fábricas.

“Vim trabalhar para as fábricas da Mosele ainda o tempo do  general de Gaulle. Havia muita greve na altura e infelizmente aquilo acabou por ir fechando”, conta Jaime, que um ano e meio depois, em 1965, fez as malas e foi para Roterdão (Holanda), onde havia já uma considerável comunidade cabo-verdiana. Mais tarde regressou a França, e em 1970 veio para o Luxemburgo, onde encontrou e manteve trabalho no aeroporto do Findel.
 
Em 2000, e aos 65 anos, Jaime reforma-se e de lá para cá tem reservado o seu “lugar ao sol” entre o Luxemburgo e Cabo Verde.
 
"Eu passo o Verão aqui, que tem sol, e o Inverno em Cabo Verde para apanhar o bom sol de lá. Antes não podia porque trabalhava, mas agora posso lá ir”, diz.
 
Mas para já a ideia é ficar pelo Luxemburgo, não por causa do sistema de saúde, mas porque se sente mais “habituado à Europa”.
 
“Para já a ideia é ficar por cá porque, como vim ainda novo, estou mais habituado à Europa. Mas nunca se sabe. Quanto à questão da saúde, é certo que o médico é sempre um bom apoio, mas eu não estou aqui por causa disso. Médicos há em todo o lado e quando chegar a hora da morte não há médicos para isso! Por enquanto consigo andar e não tenho problemas. Quando faltarem as forças posso encontrar assistência nos dois países. Lá há família ou paga-se a alguém para ajudar. Aqui é igual, os médicos e os amigos são a família”, confia Jaime.
 
A caminho dos 78 anos, Jaime vive sozinho e é quem mantém as portas abertas da Associação Amizade Cabo-verdiana no Luxemburgo, na capital. Não tem família no Luxemburgo e é com os amigos que passa o tempo, sempre com a música por perto.
 
“Há algumas pessoas que não regressam porque têm aqui os filhos e o resto da família. Não é o meu caso. Não tenho filhos e a minha família está em Cabo Verde. Aqui passo o tempo com os amigos. Juntámo-nos para tocar música cabo-verdiana, saio também para bailes e festas, e se eu quiser ficar aqui, eu fico. Sou livre e vou para o meu berço Cabo Verde quando quiser”, diz o músico, que tem a única mágoa de não ver valorizado o talento musical cabo-verdiano no Luxemburgo.
 
“Já toquei com a Cesária quando ela veio cá dar o concerto em Begen. Toquei com o Samba e o Justino. Grandes músicos. Também hoje temos bons músicos por cá, mas não percebo porque é que para as festas cabo-verdianas vão buscar músicos de fora. Deviam dar mais valor aos músicos que temos aqui”, desabafa o ainda “jovem” velho Jaime.
HB
 

Um caso à parte: Trabalhou num lar de idosos e agora é aí que está internada

Clara Santos trabalhou durante 26 anos a cuidar de idosos.
Aos 57 anos continua no mesmo lar, mas como paciente,
vítima de uma insuficiência renal que lhe reduziu a autonomia
Foto: M. Dias

Clara Silva Santos chegou ao Luxemburgo em Março de 1975. Faz parte dos poucos cabo-verdianos que se podem encontrar nos lares luxemburgueses e tal como Carlos Silva (ver artigo ao lado) não faz parte da “lista dos africanos” do Ministério da Família.

Clara Santos trabalhou durante 26 anos num lar na periferia da capital cuidando de idosos. Mas aos 57 anos, ainda que no meio de tantos idosos, era suposto encontrá-la a trabalhar. Mas não está, e nem pode. Este é mais um caso de cabo-verdianos em lares de idosos que o CABOLUX descobriu. Um caso à parte, de uma mulher frágil, sobre uma cadeira de rodas e com pensão de invalidez. Clara sofre de insuficiência renal há 12 anos e o tratamento de diálise impede o sonho de regressar a Cabo Verde.

“Regressar a Cabo Verde é o meu sonho, mas por causa da minha doença não tenho escolha”, lamenta a cabo-verdiana, que se viu confinada ao lugar onde trabalhava depois do divórcio.“Eu já não era uma mulher para o meu marido e depois do divórcio fiquei sozinha. Não podia ficar sozinha em casa e tive de respeitar o direito das pessoas. Tenho três filhos já adultos, que trabalham. Eles têm as suas vidas e devem fazer os seus caminhos. Quanto a mim, tive de fazer pela vida e fiquei aqui”, confia Clara Santos.

“Até pensei partir para Cabo Verde, mas a directora do lar propôs-me ficar aqui e garantiu-me um bom acompanhamento. Fiquei muito tocada com o gesto e não tive escolha. Apesar de saber que isto não é o lugar ideal para mim, porque ainda não tenho a idade para estar aqui, sinto-me como em casa. Tenho aqui ainda antigos colegas de trabalho, colegas luxemburgueses e alguns portugueses. Havia também muitos cabo-verdianos que trabalhavam aqui, mas depois da reforma acabaram por partir”, acrescenta Clara.

Antes da doença as visitas em família a Cabo Verde eram frequentes. Agora são os filhos que a vêm visitar. “Antes íamos a Cabo Verde de dois em dois anos, em família. Agora que não posso ir são os filhos que vêm visitar. Vêm quando têm tempo, porque trabalham e têm também as suas famílias. Não é fácil”, desabafa Clara Santos, apegando-se à atenção, profissionalismo e cuidados que recebe dos antigos colegas de trabalho.
 
HB

25/09/2012

Ceséria Évora tem nome de rua em França

O nome da cantora cabo-verdiana Cesária Évora será atribuído a uma rua da cidade francesa de Saint Denis, na região metropolitana de Paris.

Depois do líder histórico da luta anticolonial de Cabo Verde e Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, cujo nome foi dado, em 2008, a uma rua de Saint Denis, agora é a "diva dos pés descalços" que recebe a distinção.

Uma rua em Saint-Denis, na França, será baptizada com o nome da diva dos pés descalços, Cesária Évora, natural do Mindelo.

Saint Denis é conhecida em França por acolher tradicionalmente migrantes de diversas nacionalidades, entre eles portugueses e dos países africanos lusófonos. Várias ruas e avenidas da cidade têm o nome de personalidades que se destacaram nas lutas pelos direitos humanos, como Myriam Makeba, Rosa Park, Fatlima Bledhar, Simone Bernier e Amílcar Cabral, entre outras.

Grande parte da carreira artística de Cesária Évora, falecida em 17 de Dezembro de 2011, aos 70 anos, foi feita em França, onde recebeu diversas homenagens, tendo sido condecorada pelo governo.

Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de world music contemporânea e o ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra entregue pela ministra da Cultura francesa Christine Albanel.

Fonte:África21Digital
 

23/09/2012

EUA diz que Cabo Verde faz pouco para combater o tráfico de pessoas e prostituição infantil

Cabo Verde é um país onde as crianças são submetidas ao trabalho doméstico forçado e um paraíso para o tráfico sexual e de drogas para o Brasil, Portugal e outros países. A acusação é do Departamento de Estado dos Estados Unidos e está expresso no 12º Relatório sobre Tráfico Humano em 186 países.
 
O documento revela que "o turismo sexual, às vezes envolvendo crianças que se prostituem, é um problema crescente em Cabo Verde" e que as crianças são usadas na prática de crimes em vários lugares do país, "incluindo o transporte forçado de drogas". O relatório do Departamento de Estado norte-americano é corrosivo e revela que "as crianças de rua estão vulneráveis à criminalidade e, em raras ocasiões, à prostituição".
 
"Relatórios anteriores indicam que meninos e meninas - alguns dos quais podem ser estrangeiros - são explorados na prostituição em Santa Maria, Praia e Mindelo", lê-se no documento que aborda também os imigrantes, particularmente da Costa Ocidental africana.
 
As fontes do Departamento de Estado indicam que os homens provenientes da Guiné-Bissau, Senegal, Nigéria e Guiné recebem salários baixos e trabalham sem contrato e durante longas jornadas, criando vulnerabilidades tanto pessoais, como no sector da construção civil. No entanto, o relatório alerta que esses "imigrantes podem atravessar o arquipélago a caminho de situações de exploração na Europa".
 
Apesar de colocar Cabo Verde na segunda classe do ranking, o documento acusa o Governo de "não cumprir totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico", embora reconheça que o Executivo "está a fazer esforços significativos nesse sentido".
 
Durante 2011, o Governo investigou 44 casos de abuso sexual de crianças, alguns dos quais podem ter incluído crimes de tráfico, diz o relatório. Entretanto, o Departamento de Estado lamenta que, "apesar destes esforços, o Governo não processou os criminosos durante o ano de 2011, incluindo os autores de crimes de tráfico sexual de crianças ocorridas dentro do país".
 
Além disso, continua o relatório, as autoridades cabo-verdianas "não desenvolveram esforços para identificar as vítimas de tráfico em 2011, nem para reduzir o apelo ao comércio e turismo sexual envolvendo crianças".
 
O Governo ainda não reagiu ao 12º Relatório sobre Tráfico de Pessoas do Departamento de Estado norte-americano, mas a Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania reconheceu as situações descritas, embora diga que são necessários dados concretos e não apenas advertências.
 
A nível da prostituição de menores, Zelinda Cohen admite que a situação tende a agravar-se, mas considera que Cabo Verde "não pode ser considerado um país de prostituição infantil, porque apenas há casos isolados e não um circuito de tráfico".
 
De referir que o relatório deu nota negativa a todos os países de língua portuguesa, que pouco fizeram para combater o tráfico de pessoas, nomeadamente Angola e Guiné-Bissau.
Fonte: DD/PNN

19/09/2012

Rentrée escolar no Luxemburgo: Habitual nervosismo marca o regresso às aulas entre os mais pequenos

Vasco, o filho mais novo de Telma Cristina (esq.) passou as férias a pensar nas aulas.
Tânia Fontes (dta.) está preocupada com a falta de segurança à entrada da escola
Esta semana mais de 126 mil alunos regressaram às carteiras das escolas luxemburguesas. Na segunda-feira foi a vez dos mais pequenos. Esta quarta-feira é o dia dos alunos do ensino secundário regressarem às aulas. Um ano que promete alguma agitação: a reforma do ensino fundamental, a antiga escola primária vai ser objecto de avaliação, e no secundário, governo, sindicatos, e estudantes não se entendem quanto à reforma apresentada pela ministra.
O CABOLUX/CONTACTO esteve numa escola do ensino fundamental e ouviu as preocupações dos pais e dos alunos para este novo ano escolar. Entre os mais pequenos, o ambiente da rentrée escolar foi marcado pelo habitual nervosismo.

“A minha filha está nervosa. Muito nervosa mesmo e ontem até teve dificuldades em dormir. É o primeiro ano dela na escola e é normal o nervosismo, mas depois vai passar e vai correr tudo bem. Eu também fiz escola aqui e sei como é”, diz o pai Victor Martins Pereira.

Amanda é filha única de Ana Cristina da Graça e também entrou para a primeira classe. Tal como a filha de Victor Martins, também não conseguiu dormir bem na noite de domingo para segunda.

“Ela não conseguiu dormir bem à noite. Estava nervosa e toda ansiosa para ver os novos colegas”, confessou ao CABOLUX/CONTACTO Ana Cristina da Graça, um dos muitos pais que esta segunda levaram os filhos ao primeiro dia de aulas na Escola Primária da rue de Gellé, em Bonnevoie, na capital.

“O meu filho está um pouco ansioso porque vai trocar de professor. Vai para a terceira classe e como não conhece o novo professor está um bocadinho ansioso, mas também contente para ver os colegas”, diz Tânia Fontes.

“A minha única preocupação é ver que não há muita segurança junto aos portões da escola. Quando passo aqui vejo muita das vezes as crianças ali junto aos portões e não há nenhum funcionário por perto. Já em Portugal vejo que há maior segurança, pois há sempre um auxiliar à entrada. Aqui fico preocupada porque se acontece alguma coisa não há ninguém para ver se sai uma criança para a rua. É a única coisa que não gosto aqui na escola”, aponta Tânia Fontes.

Maria da Cruz deixou Cabo Verde há 17 anos e depois da experiência com os filhos mais velhos, esta segunda-feira, foi a vez de acompanhar a codé (o filho mais novo) à escola.

“A Sima estava estes dias muito ansiosa e preocupada. Só queria que este dia chegasse rápido. É uma menina que se porta muito bem e por onde ela passa tem deixado boa imagem. No ano passado estava na pré-escolar em Gasperich e gostavam muito dela. Espero que também corra tudo bem nesta escola e que faça novos amigos”, confia Maria da Cruz, que na hora de deixar a filha, diz “custar um pouco”.

A filha de Victor Martins entrou para a primeira
classe, na Escola Primária da rua Gellé, em Bonnevoie.
O nervosismo nem lhe deixou dormir na véspera
“Da minha parte não tenho nenhuma preocupação, mas na hora de deixá-la custa-me um pouco porque sei que ela vai enfrentar outras pessoas. Mas tenho confiança nos profissionais e sei que ela vai ficar bem”, acrescenta a cabo-verdiana.

A mochila foi preparada antes da partida para férias. De regresso, Natália Torres não se esqueceu das recomendações à filha.

“Já a avisei de algumas coisas. Que tenha cuidado com o casaco e com o saco porque isto é diferente da pré-escolar. Lá, só lhe dizia para não se esquecer dessas coisas, mas aqui é diferente”, desabafa Natália Torres, que deixa a escola pensativa.
 
“Vou um pouco pensativa daqui porque não quero que ela se esqueça das coisas e porque também ela tem que saber bem quem é a pessoa a vai buscar para almoçar. Só espero que ela seja como o irmão, que também já passou por aqui. Que estude bem e aprenda bem.”
 
O Vasco vai para a segunda classe. Passou as férias sempre à espera de começar a escola, diz a mãe, Telma Cristina.
“Durante as férias esteve a pensar nisso e já ontem [domingo] ele queria vir para a escola, mas eu preferia que as férias fossem mais compridas. É que ele porta-se melhor nas férias do que na escola (risos).”

Telma Cristina reside há 18 anos no Luxemburgo e diz-se integrada no país, mas já os filhos preferiam ir para Portugal.

“Eles mesmos dizem que preferiam ir para Portugal. Estão habituados a ir de férias, mas acho que eles ainda não têm a noção das coisas. O ano inteiro não é a mesma coisa que o período de férias. Mas para eles, só quero é que as coisas sigam sempre para o melhor”,  disse ao CABOLUX/CONTACTO a mãe de Vasco.

No ensino fundamental estão este ano inscritos 46.662, mais 2.225 alunos que no último ano lectivo. No total, entre o ensino secundário e o ensino fundamental, o Luxemburgo recebe este ano 126.265 alunos.
HB
 


12/09/2012

Lura regressa ao Luxemburgo, este sábado


A cantora cabo-verdiana Lura está de volta ao Luxemburgo.
Este sábado, Lura vai fechar o festival "Summer in the City", subindo ao palco a partir das 22h30.
O concerto vai ter lugar na Place Guillaume II, em pleno coração da capital luxemburguesa.

O concerto de beneficência, organizado pela ONG SOS Village d'Enfants Monde, vai ajudar a Aldeia Infantil SOS de São Domingos (apadrinhado este ano pela cantora), na ilha de Santiago, Cabo Verde.
A entrada é gratuita.

08/09/2012

Basquetebol: Pedro Silva emigra para o Luxemburgo

Foto: Cláudio Gomes
O recém-internacional cabo-verdiano Pedro Silva está de malas feitas para o Luxemburgo. Em conversa com o jornal online RESSALTO.NET, Pedro Silva revelou que vai jogar pelos Avanti Mondorf, da 2ª divisão luxemburguesa.

Apesar de ir disputar uma competição inferior à Liga Portuguesa, Pedro Silva acabou por aceitar o convite porque “deram-me todas as condições para continuar a jogar basket e têm um projecto de subida muito ambicioso e estável para os próximos anos”, garantindo que “era difícil recusar” tendo em conta o estado o basquetebol em Portugal. No novo clube, vai encontrar Kevin Jolley, que na época passada disputou a Proliga com o CD Póvoa, depois de ter passado pelo Basq. Barcelos.

Quanto à atribulada estreia pela selecção de Cabo Verde, onde apenas pode disputar um encontro devido a problemas com a sua naturalização, apesar de não correr como gostaria, os objectivos foram alcançados. A meta agora é participar na fase final do Afrobasket: “Espero que os assuntos referentes a minha naturalização sejam resolvidos para eu poder dar o meu contributo à selecção cabo-verdiana.”

Na memória ficam os 6 dias passados em Cabo Verde: “Jogar um apuramento em casa com o apoio do imenso público que encheu em 6 dias o pavilhão foi uma experiência única. Gostei muito de ver jogar esta selecção”, conclui Pedro Silva.

Fonte: RESSALTO.NET / Carlos Azevedo

07/09/2012

Técnicos do Tribunal de Contas vêm ao Luxemburgo fazer auditoria à Embaixada de Cabo Verde

Dois auditores do Tribunal de Contas de Cabo Verde, Elisabete Almeida e José Pedro Agues chegam amanhã, 8 de Setembro, ao Luxemburgo para efectuar uma auditoria financeira às contas de gerência dos anos de 2010 e 2011 da Embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo.

A ocasião vai ser aproveitada igualmente, para algumas acções pedagógicas e de informação sobre as melhores práticas no domínio da gestão da coisa pública.

05/09/2012

Auchan quer levar crianças cabo-verdianas à escola

O hipermercado Auchan Luxemburgo está a levar a cabo uma acção de solidariedade em favor da organização não-governamental (ONG) SOS Villages d'Enfants, em Cabo Verde.

O objectivo da acção é proporcionar às crianças mais desfavorecidas de Cabo Verde a oportunidade de ir à escola.
Depois de apoiar consecutivamente projectos no Níger, Mali, Laos e Guiné-Bissau, este ano, os fundos angariados no Auchan de Kirchberg vão ser destinados ao Jardim de Infância da Aldeia SOS de São Domingos, situado a cerca de 10 km da capital Praia, na ilha de Santiago. A Aldeia SOS de São Domingos, que abriu as portas em 2003, abriga actualmente 79 crianças órfãs ou abandonadas, enquanto o seu jardim-de-infância acolhe 105 crianças dos sete meses a cinco anos, também elas desfavorecidas da região.
Em pleno regresso às aulas, a iniciativa, que teve início ontem, decorre até 22 de Setembro. Os clientes do Auchan de Kirchberg têm assim a oportunidade de mostrar a sua solidariedade e generosidade apoiando as crianças desfavorecidas de Cabo Verde.

Ao passar pela caixa pode optar por doar parte dos euros acumulados no cartão de compras Auchan, doar uma quantia à escolha junto com as compras, ou ainda escolher um dos oito produtos de solidariedade "Auchan - SOS Villages d'Enfants Monde" no valor de um euro.

ONG está presente em 133 países. Mais de 80 mil jovens encontraram uma nova casa numa das 533 Aldeias SOS ou nas 606 instalações SOS dirigidas aos jovens.

Desde a sua criação em 1974, graças ao apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo (Direcção de Cooperação para o Desenvolvimento) e da generosidade de muitos doadores, patrocinadores e amigos, as Aldeias SOS têm construído creches, escolas e instalações médicas.

Ao mesmo tempo têm levado a cabo programas sociais, de fortalecimento familiar e ajuda de emergência em países em desenvolvimento. Actualmente, a filial luxemburguesa financia e monitoriza 41 projectos, incluindo quatro programas de ajuda de emergência. A ONG luxemburguesa tem também na educação um dos pontos fortes do seu programa de desenvolvimento, que realiza junto de escolas e do público em geral.