19/09/2012

Rentrée escolar no Luxemburgo: Habitual nervosismo marca o regresso às aulas entre os mais pequenos

Vasco, o filho mais novo de Telma Cristina (esq.) passou as férias a pensar nas aulas.
Tânia Fontes (dta.) está preocupada com a falta de segurança à entrada da escola
Esta semana mais de 126 mil alunos regressaram às carteiras das escolas luxemburguesas. Na segunda-feira foi a vez dos mais pequenos. Esta quarta-feira é o dia dos alunos do ensino secundário regressarem às aulas. Um ano que promete alguma agitação: a reforma do ensino fundamental, a antiga escola primária vai ser objecto de avaliação, e no secundário, governo, sindicatos, e estudantes não se entendem quanto à reforma apresentada pela ministra.
O CABOLUX/CONTACTO esteve numa escola do ensino fundamental e ouviu as preocupações dos pais e dos alunos para este novo ano escolar. Entre os mais pequenos, o ambiente da rentrée escolar foi marcado pelo habitual nervosismo.

“A minha filha está nervosa. Muito nervosa mesmo e ontem até teve dificuldades em dormir. É o primeiro ano dela na escola e é normal o nervosismo, mas depois vai passar e vai correr tudo bem. Eu também fiz escola aqui e sei como é”, diz o pai Victor Martins Pereira.

Amanda é filha única de Ana Cristina da Graça e também entrou para a primeira classe. Tal como a filha de Victor Martins, também não conseguiu dormir bem na noite de domingo para segunda.

“Ela não conseguiu dormir bem à noite. Estava nervosa e toda ansiosa para ver os novos colegas”, confessou ao CABOLUX/CONTACTO Ana Cristina da Graça, um dos muitos pais que esta segunda levaram os filhos ao primeiro dia de aulas na Escola Primária da rue de Gellé, em Bonnevoie, na capital.

“O meu filho está um pouco ansioso porque vai trocar de professor. Vai para a terceira classe e como não conhece o novo professor está um bocadinho ansioso, mas também contente para ver os colegas”, diz Tânia Fontes.

“A minha única preocupação é ver que não há muita segurança junto aos portões da escola. Quando passo aqui vejo muita das vezes as crianças ali junto aos portões e não há nenhum funcionário por perto. Já em Portugal vejo que há maior segurança, pois há sempre um auxiliar à entrada. Aqui fico preocupada porque se acontece alguma coisa não há ninguém para ver se sai uma criança para a rua. É a única coisa que não gosto aqui na escola”, aponta Tânia Fontes.

Maria da Cruz deixou Cabo Verde há 17 anos e depois da experiência com os filhos mais velhos, esta segunda-feira, foi a vez de acompanhar a codé (o filho mais novo) à escola.

“A Sima estava estes dias muito ansiosa e preocupada. Só queria que este dia chegasse rápido. É uma menina que se porta muito bem e por onde ela passa tem deixado boa imagem. No ano passado estava na pré-escolar em Gasperich e gostavam muito dela. Espero que também corra tudo bem nesta escola e que faça novos amigos”, confia Maria da Cruz, que na hora de deixar a filha, diz “custar um pouco”.

A filha de Victor Martins entrou para a primeira
classe, na Escola Primária da rua Gellé, em Bonnevoie.
O nervosismo nem lhe deixou dormir na véspera
“Da minha parte não tenho nenhuma preocupação, mas na hora de deixá-la custa-me um pouco porque sei que ela vai enfrentar outras pessoas. Mas tenho confiança nos profissionais e sei que ela vai ficar bem”, acrescenta a cabo-verdiana.

A mochila foi preparada antes da partida para férias. De regresso, Natália Torres não se esqueceu das recomendações à filha.

“Já a avisei de algumas coisas. Que tenha cuidado com o casaco e com o saco porque isto é diferente da pré-escolar. Lá, só lhe dizia para não se esquecer dessas coisas, mas aqui é diferente”, desabafa Natália Torres, que deixa a escola pensativa.
 
“Vou um pouco pensativa daqui porque não quero que ela se esqueça das coisas e porque também ela tem que saber bem quem é a pessoa a vai buscar para almoçar. Só espero que ela seja como o irmão, que também já passou por aqui. Que estude bem e aprenda bem.”
 
O Vasco vai para a segunda classe. Passou as férias sempre à espera de começar a escola, diz a mãe, Telma Cristina.
“Durante as férias esteve a pensar nisso e já ontem [domingo] ele queria vir para a escola, mas eu preferia que as férias fossem mais compridas. É que ele porta-se melhor nas férias do que na escola (risos).”

Telma Cristina reside há 18 anos no Luxemburgo e diz-se integrada no país, mas já os filhos preferiam ir para Portugal.

“Eles mesmos dizem que preferiam ir para Portugal. Estão habituados a ir de férias, mas acho que eles ainda não têm a noção das coisas. O ano inteiro não é a mesma coisa que o período de férias. Mas para eles, só quero é que as coisas sigam sempre para o melhor”,  disse ao CABOLUX/CONTACTO a mãe de Vasco.

No ensino fundamental estão este ano inscritos 46.662, mais 2.225 alunos que no último ano lectivo. No total, entre o ensino secundário e o ensino fundamental, o Luxemburgo recebe este ano 126.265 alunos.
HB
 


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