Vasco, o filho mais novo de Telma Cristina (esq.) passou as férias a pensar nas aulas. Tânia Fontes (dta.) está preocupada com a falta de segurança à entrada da escola |
Esta semana mais de 126 mil alunos regressaram às
carteiras das escolas luxemburguesas. Na segunda-feira foi a vez dos mais
pequenos. Esta quarta-feira é o dia dos alunos do ensino secundário regressarem
às aulas. Um ano que promete alguma agitação: a reforma do ensino fundamental,
a antiga escola primária vai ser objecto de avaliação, e no secundário,
governo, sindicatos, e estudantes não se entendem quanto à reforma apresentada
pela ministra.
O CABOLUX/CONTACTO esteve numa escola do ensino fundamental e
ouviu as preocupações dos pais e dos alunos para este novo ano escolar. Entre os mais pequenos, o ambiente da rentrée
escolar foi marcado pelo habitual nervosismo.
“A minha filha está nervosa. Muito nervosa mesmo
e ontem até teve dificuldades em dormir. É o primeiro ano dela na escola e é
normal o nervosismo, mas depois vai passar e vai correr tudo bem. Eu também fiz
escola aqui e sei como é”, diz o pai Victor Martins Pereira.
Amanda é filha única de Ana Cristina da Graça e
também entrou para a primeira classe. Tal como a filha de Victor Martins,
também não conseguiu dormir bem na noite de domingo para segunda.
“Ela não conseguiu dormir bem à noite. Estava
nervosa e toda ansiosa para ver os novos colegas”, confessou ao CABOLUX/CONTACTO
Ana Cristina da Graça, um dos muitos pais que esta segunda levaram os filhos ao
primeiro dia de aulas na Escola Primária da rue de Gellé, em Bonnevoie, na
capital.
“O meu filho está um pouco ansioso porque vai
trocar de professor. Vai para a terceira classe e como não conhece o novo
professor está um bocadinho ansioso, mas também contente para ver os colegas”,
diz Tânia Fontes.
“A minha única preocupação é ver que não há muita
segurança junto aos portões da escola. Quando passo aqui vejo muita das vezes
as crianças ali junto aos portões e não há nenhum funcionário por perto. Já em
Portugal vejo que há maior segurança, pois há sempre um auxiliar à entrada.
Aqui fico preocupada porque se acontece alguma coisa não há ninguém para ver se
sai uma criança para a rua. É a única coisa que não gosto aqui na escola”,
aponta Tânia Fontes.
Maria da Cruz deixou Cabo Verde há 17 anos e
depois da experiência com os filhos mais velhos, esta segunda-feira, foi a vez
de acompanhar a codé (o filho mais novo) à escola.
“A Sima estava
estes dias muito ansiosa e preocupada. Só queria que este dia chegasse rápido.
É uma menina que se porta muito bem e por onde ela passa tem deixado boa
imagem. No ano passado estava na pré-escolar em Gasperich e gostavam muito
dela. Espero que também corra tudo bem nesta escola e que faça novos amigos”,
confia Maria da Cruz, que na hora de deixar a filha, diz “custar um pouco”.
A filha de Victor Martins entrou para a primeira classe, na Escola Primária da rua Gellé, em Bonnevoie. O nervosismo nem lhe deixou dormir na véspera |
“Da minha parte
não tenho nenhuma preocupação, mas na hora de deixá-la custa-me um pouco porque
sei que ela vai enfrentar outras pessoas. Mas tenho confiança nos profissionais
e sei que ela vai ficar bem”, acrescenta a cabo-verdiana.
A mochila foi
preparada antes da partida para férias. De regresso, Natália Torres não se
esqueceu das recomendações à filha.
“Já a avisei de
algumas coisas. Que tenha cuidado com o casaco e com o saco porque isto é
diferente da pré-escolar. Lá, só lhe dizia para não se esquecer dessas coisas,
mas aqui é diferente”, desabafa Natália Torres, que deixa a escola pensativa.
“Vou um pouco
pensativa daqui porque não quero que ela se esqueça das coisas e porque também
ela tem que saber bem quem é a pessoa a vai buscar para almoçar. Só espero que
ela seja como o irmão, que também já passou por aqui. Que estude bem e aprenda
bem.”
O Vasco vai para a
segunda classe. Passou as férias sempre à espera de começar a escola, diz a
mãe, Telma Cristina.
“Durante as férias
esteve a pensar nisso e já ontem [domingo] ele queria vir para a escola, mas eu
preferia que as férias fossem mais compridas. É que ele porta-se melhor nas
férias do que na escola (risos).”
Telma Cristina reside há 18 anos no Luxemburgo e diz-se integrada no país, mas já os filhos preferiam ir para Portugal.
“Eles mesmos dizem que preferiam ir para Portugal. Estão habituados a ir de férias, mas acho que eles ainda não têm a noção das coisas. O ano inteiro não é a mesma coisa que o período de férias. Mas para eles, só quero é que as coisas sigam sempre para o melhor”, disse ao CABOLUX/CONTACTO a mãe de Vasco.
No ensino fundamental estão este ano inscritos 46.662, mais 2.225 alunos que no último ano lectivo. No total, entre o ensino secundário e o ensino fundamental, o Luxemburgo recebe este ano 126.265 alunos.
HB
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