24/01/2011

Casa de África inaugurada e preparada para combater a pobreza


 Dez meses depois de já estar em funcionamento foi oficialmente inaugurada na semana passada, em Luxemburgo-Ville (67, Adolphe Fischer) a Casa de África, tendo sido apadrinhada pelo ministro do trabalho e imigração, Nicolas Schmit.
David Foka, presidente da Federação das Associações Africanas no Luxemburgo (FAAL) e director da Maison d’Afrique refere o objectivo da criação deste espaço: “Juntar todos os africanos, sermos mais fortes e falar a uma só voz perante a administração luxemburguesa.” Quanto ao porquê deste momento, “não quisemos pôr a carroça à frente dos bois. Criamos uma estrutura e vimos que funciona e com isso foi agora possível esta inauguração oficial.”

David Foka
Para Foka, há que “combater a pobreza no seio da comunidade” e para tal propõe a criação de microempresas. “Há muita gente a viver de RGM e porque não dar 6 meses de RGM, como microcrédito, para se criar uma microempresa? Dessa forma pode-se dar trabalho a mais gente.”
“Se uma africana quer abrir um cabeleireiro, para que lhe pedem um CATP? Não é preciso um CATP para fazer tranças!”, aponta.
“Os africanos enviam mais do dobro de dinheiro para África, através da Western Union, que a ajuda da União Europeia” e isso porque trabalham. No Luxemburgo, esperamos que o governo nos deixe criar postos de emprego” para se poder continuar a manter as famílias em África.

O Contacto aproveitou também para ouvir o seu interlocutor e ministro do trabalho e imigração, Nicolas Schmit. “Há gente com boas ideias de empresas. Uns já têm restaurantes, cabeleireiros, etc. e esses sonhos que trazem de África, se nos forem transmitidos, podem beneficiar a todos”. Quanto ao papel da Casa de África na integração dos africanos: “É um elo para essa integração. Tem que ganhar confiança e ajudar os africanos a compreender Luxemburgo, mas também os luxemburgueses a compreender África”. Para Schmit, uma “integração de sucesso” dos africanos passa pela aposta na educação e a Casa de África pode desempenhar esse papel pois já conta com a parceria do Ministério da Educação. No entanto, “deve também apostar na resolução de questões de pessoas ilegais no país!”

Questionado se os residentes estão preparados para um “Obama luxemburguês” aquando das eleições comunais, responde: “Entre os africanos que aqui estão, e que cumprem as condições, há excelentes candidatos.”
“Não há razão para os residentes não estarem preparados, se esse candidato está integrado. A cidadania vive-se na prática e ser eleitor ou candidato é também essa prática.”

A diplomata cabo-verdiana Clara Delgado esteve também nesta inauguração oficial, referindo que, sendo Cabo Verde o único país africano com embaixada no Luxemburgo, terá em David Foka “um parceiro da embaixada”, da mesma forma que os cabo-verdianos terão agora a oportunidade de “se reencontrarem com o continente africano aqui no Luxemburgo”.

Quanto ao apoio dos africanos lusófonos Foka garante ser total, “mas há reticências de alguns cabo-verdianos que dizem não ser africanos. Estou certo que quando o comboio começar a andar eles vão se juntar à Casa de África.”

Relembre-se que as associações que não dispõem de um local para se reunirem podem usar este espaço e todas as pessoas, africanas ou não, são convidadas a visitar a Casa de África.

HB

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