Arminda Monteiro e Manuel Neves (dta.) são alguns dos homenageados no jantar organizado pela comissão representada por Nelson Brito (esq.) |
A primeira geração de
cabo-verdianos a chegar ao Luxemburgo vai ser homenageada, num jantar de gala a
10 de Maio. Autoridades locais de Cabo Verde e luxemburguesas vão fazer-se
representar naquele que será um evento de reconhecimento aos primeiros
emigrantes a abrir as portas do Grão-Ducado à comunidade cabo-verdiana.
"É uma homenagem de toda a
comunidade cabo-verdiana e de várias associações às pessoas que fizeram com que
hoje ainda tenhamos uma boa imagem no Luxemburgo. E se hoje temos uma grande
cooperação com o Luxemburgo é graças a eles", explicou o representante da
comissão organizadora, Nelson Brito.
A título simbólico foram
escolhidas cinco pessoas das mais antigas desta comunidade, curiosamente todas
da zona de Chã de Pedra, no concelho de Ribeira Grande (ilha de Santo Antão).
Arminda Monteiro é uma delas.
Deixou Cabo Verde em 1965, um ano depois do marido. Pelo caminho parou ainda
uma semana em Portugal e em Fevereiro do mesmo ano chegou ao Luxemburgo. Diz
que no início quase não havia cabo-verdianos e que a língua era o maior
problema. Por isso, no trabalho tinha de "ver e copiar".
"Cheguei junto com a
Virgínia Monteiro e nesse tempo só havia quatro cabo-verdianos no Luxemburgo. O
país estava a crescer e a imigração também, mas a crise ainda não existia
(risos), por isso não foi difícil arranjar trabalho. O difícil mesmo era a
língua e a adaptação teve de ser 'ver e copiar' os luxemburgueses. Foi um bom
país para os cabo-verdianos" conta a já quase septuagenária.
Hoje na reforma, Arminda
Monteiro, ainda está reticente num regresso à terra natal. Afinal, a família
está praticamente toda por cá e em Santo Antão só lhe resta uma irmã.
Se oficialmente os primeiros
cabo-verdianos chegaram ao Luxemburgo na década de 60, oficiosamente, hoje são
"entre 12 a 15 mil residentes no Grão-Ducado, a maioria de Santo
Antão", diz o conterrâneo Nelson Brito.
Manuel Neves nascido também na
mesma ilha, e outro dos homenageados, teve conhecimento do Luxemburgo através
de familiares nos Estados Unidos, na altura em que a Grã-Duquesa Charlotte
estava exilada naquele país.
"No tempo da Segunda
Guerra, a Grã-Duquesa esteve exilada na América e o meu padrinho Teodoro
Monteiro conheceu-a por lá e a outros luxemburgueses. Foi através desses
contactos entre cabo-verdianos e luxemburgueses que tive conhecimento do país e
que decidi vir para aqui em 1964", conta o santantonense, apontado por
alguns como o primeiro cabo-verdiano a chegar ao Luxemburgo.
Os irmãos Manuel e Lúcia Neves,
Arminda Monteiro, Virgínia Monteiro e Avigília Monteiro são os cinco nomes
escolhidos para o jantar de homenagem, aberta à comunidade, e que vai ter lugar
no hotel Parc Belle-Vue (7, rue Marie Thérèse), na cidade do Luxemburgo.
Mas para os que não vão poder
estar presentes, há outra forma de homenagear a primeira geração. "Outra
forma de prestar homenagem é fazer o que a primeira geração não podia fazer na
altura. Hoje os desafios são outros e não podemos ser só operários. Podemos ser
engenheiros, médicos, mecânicos, ou outra coisa qualquer. Já a primeira
geração, até podia querer ser isso tudo, mas não podia. Eles criaram-nos as
condições e nós temos de aproveitar e dar seguimento à afirmação da
comunidade", desafia Nelson Brito.
Além do jantar, no sábado dia
11, está agendado um torneio internacional de futebol (com equipas provenientes
de Cabo Verde, Portugal, França, Holanda e Luxemburgo), no estádio Union, em
Bonnevoie, a partir das 10h. A noite musical, no Centro Cultural de Walfedange,
vai ser animada pelo grupo santantonense Eclipse e alguns DJ's locais.
Já no domingo, o parque Kockelscheier vai ser palco, a partir das 12h, de exposições de pintura e fotografia, música, dança tradicional e teatro.
Mais informações e reservas através dos telefones 621850722, 691566347 ou 621370519.
Henrique de Burgo
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