29/09/2010

Jennifer Lopes conquista Castelo de Bettembourg

A artista de origem cabo-verdiana Jennifer Lopes apresentou este fim-de-semana as suas obras na galeria Maggy Stein, no Castelo de Bettembourg, fazendo parte de uma exposição conjunta com o escultor Ângelo Brunoni.
A exposição "Contra a corrente, em direcção à fonte" acabou por ser o seu baptismo de boas-vindas ao mundo dos artistas, isto depois de já ter exposto algumas obras ainda no seu contexto escolar.

Da pintura de Jennifer Lopes ressalta o seu enorme interesse pela realidade, às vezes nua, crua e dura, onde o negro dá luz às outras cores, num jogo poético para se destacar a esperança.
“Transmito a reacção à injustiça, aos problemas sociais, vou contra a corrente”. “Se em cada obra há uma realidade negra, há também uma esperança. Nem tudo está acabado”, refere.
Aos poucos, a galeria foi se encolhendo face à beleza das obras expostas, bem como à crescente presença do público que ali acorria para apreciar o surrealismo em 24 quadros, numa simbiose harmónica com as peças de Brunoni.

Sobre o seu percurso, desde cedo que a arte fez parte da sua vida. “Quando pequena, enquanto as outras crianças iam brincar na rua, eu ficava em casa a desenhar”. “Sempre acreditei que este era o meu lugar e não foi surpresa o meu percurso nesta direcção, mas agora resta saber até onde ir”, acrescenta.
Actualmente frequenta o curso de design de moda na Alta Escola Livre de Liège, depois de ter passado pelo Lycée des Arts et Métiers, em Limpetsberg, onde ganhou as suas técnicas artísticas.

Sobre o futuro garante que “a prioridade é terminar os estudos (falta um ano) e depois viajar o máximo possível para conhecer outras realidades”.
Confrontada sobre como conjugar a pintura, o estilismo e a dança, responde sem se comprometer: “O estilismo é duro, mas é um caminho possível como a pintura e a dança. São partes da minha vida”.

Da parte da organização, Henri Fischbach (Calliope a.s.b.l.) assume a sua satisfação pela qualidade da exposição e pelo casamento artístico. “Esta exposição é o resultado de um casamento perfeito.”
“Procurávamos um escultor e um pintor para ocupar este espaço e Jennifer pareceu-nos uma artista interessante, bem como as suas obras. Ela nasceu contra a corrente e é positivo que uma jovem de 22 anos tenha muito por dizer, contrariando a ideia que os jovens não dizem nada. Quanto ao Ângelo, já tem alguma experiência de vida e a beleza da sua escultura é um regresso ao seu interior, à sabedoria, à fonte.”
De referir que a escultura de Ângelo Brunoni fez ecoar pelos cantos da galeria, ainda que por instantes, alguma similitude com as linhas do excelso Lucien Wercollier.

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