31/01/2012

FMI recomenda contenção orçamental a Cabo Verde para enfrentar crise

O governo de Cabo Verde deve exercer “contenção” orçamental nos próximos meses, para superar os efeitos da subida do preço das “commodities” e da crise na Zona Euro, alertou segunda-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O alerta foi feito por Nemat Shafik, directora adjunta do FMI, que presidiu a uma reunião do conselho de administração da instituição financeira internacional em Washington, em que foi feita a segunda e última revisão do desempenho da economia cabo-verdiana ao abrigo do programa de apoio (PSI) ao arquipélago.

“Dadas as persistentes incertezas económicas globais, serão necessárias políticas de contenção nos próximos meses para salvaguardar a indexação da taxa de câmbio e criar amortecedores para choques”, refere Shafik, em nota divulgada pelo FMI após a reunião.

As autoridades, refere, já restringiram as políticas macroeconómicas na segunda metade de 2011, perante a subida do preço de “commodities", de cuja importação o país depende, e os efeitos da crise financeira na Zona Euro.

Agora, o plano é reduzir o défice orçamental e a dívida externa a médio prazo, para fortalecer a posição orçamental e apoiar o crescimento do sector privado.

O governo, adianta Shafik, terá de aumentar as receitas domésticas, conter os gastos e agir “cautelosamente em relação às despesas de capital”, dependendo “tanto quanto possível” de financiamento a taxas concessionais.

Para o FMI, as recentes medidas do Banco Central cabo-verdiano e o aumento das exigências de capital para os bancos comerciais vão ajudar a conter a inflação e aumentar as reservas de moeda estrangeira.

Mas as “crescentes vulnerabilidades do sector financeiro exigem uma melhoria da regulação e supervisão” bancária, sendo a recente criação de um comité de estabilidade financeira “um passo” na direcção recomendada.

O PSI cabo-verdiano foi aprovado em Novembro de 2010, com uma duração de 15 meses.

No ponto de situação hoje feito, o Fundo alerta para o elevado desemprego, que exige “reformas para estimular a competitividade, diversificar a economia e melhorar o funcionamento do mercado laboral”.

Shafik adiantou que” progressos mais rápidos na reestruturação de empresas estatais também seriam importantes”.

As últimas previsões do Banco Mundial para Cabo Verde apontam para uma aceleração do crescimento, de 5,8 % em 2011 para 6,4 % este ano e 6,6 % no próximo.

A União Europeia, segundo dados do Banco, absorve 37 % das exportações não-petrolíferas africanas e nas economias dependentes de turismo, como Cabo Verde, as chegadas de turistas europeus constituem o grosso deste total.

Em Cabo Verde, sublinha o relatório do Banco Mundial, 92 % das exportações de mercadorias destinam-se ao Sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália, Grécia) e Irlanda, tornando neste aspecto a economia cabo-verdiana a mais vulnerável na região a uma quebra económica a Norte.

Para contrariar o efeito da quebra da actividade económica na Europa, o Banco Mundial recomenda aos países africanos uma maior diversificação de exportações e parceiros comerciais.

Fonte: Inforpress

Sem comentários: