05/12/2012

“Nietzsche Theory”, do cabo-luxemburguês Félix Andrade, é finalista em concurso no Brasil

“Nietzsche Theory”, o microfilme do luxemburguês de origem cabo-verdiana, Félix Andrade, é um dos cinco finalistas para a categoria de ficção do Festival de Micro metragem do Rio de Janeiro - Cel.U.Cine. Um festival que promove a produção, difusão e segmentação de conteúdos audiovisuais para os média de conteúdo digital, através da descoberta de novos realizadores. A escolha surpreendeu o próprio cineasta.

“A minha candidatura ao festival Cel.U.Cine foi feita sem muita ilusão. Via-me como se fosse um jogador de futebol do Luxemburgo a querer jogar com os grandes jogadores brasileiros. Não esperava esta nomeação e por isso foi uma grande surpresa. Havia 150 candidatos, sobretudo argentinos, brasileiros e outros da América do Sul, e fiquei muito surpreendido com a escolha que fizeram”, confessa o cabo-luxemburguês, que encontra na mensagem “provocadora” uma das razões da escolha.

“Apesar da liberdade de expressão, hoje ainda há tabus e coisas de que não se pode falar muito, como o sexo ou a religião. Se uma pessoa fala contra a religião no geral é tido como o diabo, mesmo que invoque a liberdade de expressão. Nietzsche surpreendeu-me muito e encontrei nele coisas com muito sentido. Foi por isso que o tomei como imagem e experiência. Mas este filme não é militante, até porque eu sou também espiritual. É um filme experimental, com uma mensagem provocadora e talvez seja essa uma das razões da escolha.”

E três minutos e com uma “lógica do princípio ao fim”, o filme apresenta em linguagem metafórica a ideia do filósofo agnóstico alemão Nietzsche, de que o ser humano é quem rege o seu destino e que a religião não tem poder sobre a mente humana.

Félix Andrade
“Tive de me limitar aos três minutos, mas tal como o original de 10 minutos, o filme continua a fazer sentido e mantêm a sua lógica do princípio ao fim”, garante.

O resultado final do Cel.U.Cine vai ser divulgado a 12 de Dezembro, mas até lá “Nietzshce Theory” vai ser exibido ainda no Luxemburgo e em Itália. A versão original de 10 minutos pode ser vista a 8 de Dezembro no Filmakers Nigth, no Cine Belval, em Esch. Entre 6 e 9 de Dezembro o filme de Félix Andrade vai passar também na segunda edição do IntimateLens, festival de filmes etnográficos de Caserta (arredores de Nápoles), em Itália.

Félix Andrade formou-se em Estudos Cinematográficos na Universidade de Middlesex, em Londres, e actualmente conjuga o cinema com outros projectos artísticos e culturais. Para o ano tem na calha um documentário / longa-metragem antropológica sobre a vida dos habitantes da ilha do Fogo (de onde os seus pais são originários) e a sua relação com a cultura local do café.
 HB

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