28/02/2011

Ney Évora lança colectânea musical "Memória dos Veteranos das Ilhas"


Diz-se que a dimensão geográfica de Cabo Verde não corresponde à sua grandeza cultural, sendo a música a bandeira mais visível (e audível) desses "dez grãozinhos de terra." Cabo Verde acaba por possuir mais músicos por metro quadrado que muitos países de maior dimensão.

"Memória dos Veteranos das Ilhas" é o 4º trabalho de um desses artistas - o violinista cabo-verdiano residente no Grão-Ducado, Ney Évora.
"Memória dos Veteranos das Ilhas" não é mais do que uma selecção das grandes músicas cabo-verdianas, celebrizadas também por grandes vozes como Bana, Cesária Évora, Djuzinha, Manuel d'Novas ou Ildo Lobo, e que vai ser apresentada a 16 de Abril, no Restaurante Odion.

Nascido na Ribeira da Torre (ilha de Santo Antão), desde cedo que a música começou a fazer parte da vida de Ney Évora, tendo-se destacado no violino, para além de dominar outros instrumentos de corda como a viola e o cavaquinho.
"Quando criança, lembro-me de haver muitos instrumentos em casa. O meu tio era um grande tocador e o meu pai tocava violino, apesar de ele já estar no Luxemburgo."
O "vício" da música intensificou-se ainda através do contacto entre colegas e gente mais velha que dominavam já os instrumentos.
"Naquele entusiasmo de grupo de jovens, quem aprendesse primeiro um acorde mostrava aos outros e depois era tocar a música."

Quanto às influências, Ney Évora aponta os violinistas António Travadinha, Nho Kzik (mestre santantonense que sempre o motivou), entre outros.

Em 2002 viria a lançar no Luxemburgo "Tradiçan", com a ajuda do seu amigo Valério, tendo este 1º CD alcançado um "grande sucesso" entre o público cabo-verdiano e não só. Em 2004 saiu "Símbolo da Cultura Cabo-verdiana" e há 2 anos "Harmonia Tropical".

Sobre este quarto CD, "Memória dos Veteranos das Ilhas", diz que "são músicas que toda a gente vai gostar", não só pela selecção que representa, mas também pela qualidade de bons músicos como Armindo Pires, António Violão, Manu e Armando Soares (residentes na Holanda), entre outros que o acompanham aqui no Luxemburgo.

A divulgação do seu trabalho já está assegurada pela distribuidora Harmonia, que têm espalhado o som do seu tradicional violino por África, Europa e América, mas Ney aproveita o mote para apelar a uma maior divulgação da música tradicional cabo-verdiana no Luxemburgo, através do programa Morabeza, da Rádio Latina.
"A nossa música é rica e não podemos ter vergonha a divulgar. Se formos até Holanda, Cabo Verde ou Portugal, ao ligar a rádio, dá prazer ouvir, por exemplo, uma morna de Bana."
Servindo-se da comparação com os portugueses "já gravei com as Tricanas de Differdange, toco no luso luxemburguês e os portugueses para onde vão têm o seu fado e ranchos. Porque é que não havemos de divulgar a nossa cultura também?", interroga-se.
"Posso servir de porta-voz e dizer que muita gente aqui tem reclamado, inclusive jovens, porque a música tradicional ouve-se pouco [no programa Morabeza] e, por exemplo, o "zouk" ouve-se frequentemente e nem faz parte da tradição musical cabo-verdiana", lamenta o músico.
HB

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