07/02/2011

PAICV ganha com maioria absoluta

A Comissão Nacional de Eleições decidou não divlugar os resultados das Legislativas para já, faltando ainda apurar os votos na diáspora.

Até ao momento, o PAICV assegura 26 deputados contra 23 do MpD, tendo a UCID elegido 2.
Faltam ainda apurar 21 lugares, 6 dos quais na diáspora, mas tudo aponta para que a maioria absoluta não fuja ao PAICV, dando assim um terceiro mandato a José Maria Neves.

MpD com vantagem no Luxemburgo

Por cá, o MpD venceu com 243 votos, tendo o PAICV registado outros 200.
A taxa de abstenção situou-se nos 47%, tendo em conta que o número total de inscritos rondava os 850 eleitores.

A CABOLUX/Contacto passou pela embaixada de Cabo Verde no Luxemburgo (um dos três locais de voto disponíveis) para acompanhar parte deste processo e ouviu Necas Martins, presidente da mesa de voto LU2, sobre a participação dos cabo-verdianos.
“Na parte da manhã esteve um pouco morno, mas esta tarde a afluência foi mais significativa. É a primeira vez que estou a trabalhar numa mesa e não se notam incidentes. Está tudo a correr dentro da normalidade.”

A importância do voto nestas eleições

Ainda na embaixada e após o exercício de voto, ouvimos alguns cabo-verdianos sobre a importância deste dia.
“O voto é importante porque faz parte da cidadania e é um instrumento para o desenvolvimento do nosso país. Com o nosso voto o país pode progredir”, refere Luísa Fernandes.
Já António Lima lamenta a falta de participação dos concidadãos: “O voto é importante e as pessoas deviam exercer esse direito porque tem muita importância na política de Cabo Verde neste momento.”
Fazendo uma avaliação global sobre o nível dos políticos cabo-verdianos e sem entrar no campo partidário, Luísa Fernandes diz que “ao longo destes anos os políticos têm estado ao nível do país e o têm desenvolvido. Estou satisfeita.” António Lima prefere “uma mudança de políticos”.

Mais tarde e na zona da Gare ouvimos alguns não votantes.
Mendes Tavares tem o seu cartão em Paris e não foi votar, mas para ele “ou Veiga ou Neves, quem ganhar é a mesma coisa, mas têm que saber o que fazem e não podem maltratar o povo.” Se as coisas em Cabo Verde estivessem mais bem organizadas, mais pessoas votariam”, acrescenta.
Para muitos cabo-verdianos o “não votar” não é apenas falta de interesse. Alguns não têm documentação cabo-verdiana válida e apresentam outras nacionalidades, como a portuguesa, e vêm nisso um impedimento para votar. Esta é a posição de João Mendes, cabo-verdiano de nacionalidade portuguesa que (relembrando o resultado das eleições mais renhidas da história moderna - as últimas presidenciais de Cabo Verde, com apenas 12 votos de diferença) é peremptório: “Por um voto se ganha e por um voto se perde e se eu estivesse recenseado eu faria parte da eleição do meu país.”

Sobre a comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo e os políticos em Cabo Verde, Tavares salienta que “trabalhamos aqui muito para investir em Cabo Verde e quanto mais os políticos facilitarem, mais podemos fazer pelo nosso país.”
Quanto à expectativa para o próximo mandato João Neves diz que “o país não está muito mal, mas espero mais desenvolvimento para servir quem está lá, mas também para os que estão fora e espero mais apoio para o investimento que a nossa comunidade emigrante quer fazer, apoio nas despesas alfandegárias e redução dos bilhetes de viagem.”

Casos insólitos

Se a normalidade era a palavra de ordem até então, demos conta ainda na Embaixada de Cabo Verde que alguns dos votantes estavam a chegar de Ettelbruck para poder exercer o seu voto.
Segundo os representantes do PAICV e MpD, foram mais de uma centena de cabo-verdianos que se viram confrontados com este cenário, tendo sido obrigados a deslocações ora para o centro, ora para o norte ou para o sul.
Trabalho redobrado para o MpD e PAICV que tiveram de assegurar, com as suas viaturas, a deslocação de muitos votantes, mas mesmo assim insuficiente para motivar outros que acabaram por não ir votar.
Confrontado com este cenário insólito e inesperado e respondendo a quem competia informar sobre esta possibilidade de deslocações dos votantes, Necas Martins afirma que “os partidos políticos fizeram o trabalho deles e informaram as pessoas que estavam nessas situações. A comissão de recenseamento também fez o seu trabalho, mas temos de compreender que as pessoas depois de um dia de trabalho não têm motivação e disponibilidade para correr de um lugar para outro.”

De referir ainda que, segundo o secretário do PAICV-Luxemburgo, João da Luz, alguns cidadãos recenseados chegaram às urnas para votar e foram impedidos de o fazer por não encontrarem os seus nomes na lista, “o que é considerado um crime”, refere, acrescentando ainda outra suposta irregularidade: “Algumas pessoas que estavam para as mesas de voto no norte foram parar às mesas de voto noutros sítios.”

Mais uma nota negativa deu-se no final da nossa reportagem na Embaixada de Cabo Verde, quando um dos elementos da mesa de voto LU1 se dirigiu ao nosso fotógrafo Manuel Dias, pondo em causa o trabalho fotojornalístico aí realizado.

HB

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